CNN Brasil Money

Existem lacunas em metas climáticas de empresas, mostram dados da B3

Bolsa brasileira participa de iniciativa voltada a mobilizar recursos para a transição climática

Vinícius Murad, da CNN, em São Paulo
A B3 aponta lacunas e avanços na agenda climática de empresas brasileiras  • DIVULGAÇÃO/B3
Compartilhar matéria

Metade das empresas brasileiras que lideram ações climáticas ainda não tem plano de redução de emissões. Embora o setor privado mostre avanços na agenda de sustentabilidade, muitos negócios estão apenas começando a implementar políticas climáticas ou a definir metas claras de neutralização de carbono, segundo dados da B3, sobre empresas que participam do Índice Carbono Eficiente (ICO2).

“O mercado brasileiro conta com empresas em diferentes estágios de maturidade na temática de mudança do clima. Algumas práticas ainda estão em fase de implementação, enquanto outras têm alcançado uma evolução significativa”, afirmou Janaina Vilella, diretora de Comunicação e Sustentabilidade da B3.

Segundo ela, os dados do ICO2 de 2024 mostram que 96% dos conselhos de administração das empresas monitoram questões climáticas, 90% verificam inventários de emissões de gases de efeito estufa com uma terceira parte e 75% vinculam metas de clima à remuneração de executivos.

Por outro lado, apenas metade das companhias declarou possuir plano de transição climática e 42% têm metas de Net Zero. “Ainda existem pontos de evolução mesmo entre as empresas que lideram a pauta no Brasil”, completou.

O engajamento também se reflete em números de mercado. O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) teve a participação de 93 empresas, que juntas valem R$ 2,3 trilhões no mercado.

Além disso, o total de títulos financeiros voltados para projetos sustentáveis — como debêntures e outros papéis de investimento — chegou a R$ 128 bilhões em 2024, mostrando que o mercado de capitais brasileiro tem direcionado, de forma crescente, recursos para ações ligadas ao clima e à sustentabilidade.

“O setor privado está cada vez mais consciente da relevância dos temas climáticos para sua perenidade e competitividade”, disse Vilella.

A executiva destacou que o ambiente regulatório ESG será crucial para acelerar esses avanços. “Algumas movimentações regulatórias podem catalisar ainda mais esse engajamento, como a adoção obrigatória, a partir de 2027, da divulgação de informações financeiras sobre sustentabilidade no modelo IFRS S1 e S2, e o lançamento da Taxonomia Brasileira Sustentável”, explicou.

Ela acrescentou que “a criação de modelos de reporte e de padrões de análise objetivos, que agreguem transparência e eficácia na avaliação dos investidores, além de maior comparabilidade, tem o potencial de estimular as melhores práticas nas empresas e facilitar o acesso a capital”.

No cenário internacional, a B3 participa da Investment COP, iniciativa conduzida pela World Climate Foundation e pela Converge Capital, voltada a mobilizar recursos para a transição climática. “A nossa participação reflete nosso papel como facilitadora de instrumentos financeiros sustentáveis e como articuladora do setor privado em prol do financiamento climático”, afirmou Vilella.

Com a COP30 marcada para novembro em Belém (PA), a bolsa vê oportunidade de consolidar o Brasil como destino de capital verde. “O mercado de capitais se torna o palco para que o capital encontre os projetos que vão mudar o jogo no tema mudanças climáticas”, concluiu.

Acompanhe Economia nas Redes Sociais