Bancos cortam previsão de aumento do crédito após Americanas e inadimplência maior

No caso das empresas, Febraban disse que movimento reflete especialmente maior cautela na concessão de empréstimos

Por Paula Arend Laier, da Reuters
Pessoa preenche dados do cartão em computador
Bancos brasileiros cortaram a previsão de crescimento da carteira de crédito em 2023 e agora esperam expansão de 7,9%, de 8,3% anteriormente  • Shutterstock 
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Os bancos brasileiros cortaram a previsão de crescimento da carteira de crédito em 2023 e agora esperam expansão de 7,9%, de 8,3% anteriormente, mostrou pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgada nesta quarta-feira (12).

A revisão foi puxada pela redução na expectativa do desempenho do crédito livre, que passou de alta de 8,2% para 6,8%, em especial no segmento destinado às empresas, que recuou de avanço de 7,3% para 5,1%. No crédito direcionado, o prognóstico permaneceu de crescimento de 8,4%.

No caso das empresas, a entidade disse que o movimento reflete especialmente maior cautela na concessão de crédito após os episódios envolvendo a Americanas, que pediu recuperação judicial e vem travando uma disputa com bancos.

A Febraban ressalta, contudo, que houve também redução na projeção para a expansão da carteira livre destinada às famílias - de 8,7% para 8,3% -, "possivelmente consequência do cenário de maior inadimplência e desaceleração econômica".

A projeção da taxa de inadimplência da carteira livre subiu a 4,7% em 2023, de 4,4% na pesquisa anterior.

"Assim como os números de fevereiro, a pesquisa indica uma preocupação especial com o mercado de PJ (pessoa jurídica) no segmento livre", observou Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban em nota.

"As condições financeiras mais apertadas, o recuo da atividade e o episódio Americanas vêm afetando bastante o mercado de crédito para as empresas e provavelmente teve impacto importante nas projeções dos analistas", acrescentou.

Para 2024, a média das projeções para a expansão da carteira teve ligeira alta, passando de 7,4% para 7,6%.

O levantamento foi realizado com 19 bancos entre 29 de março e 4 de abril.

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