Inflação prejudica renda fixa mesmo com maior Selic em 4 anos; veja levantamento
Levantamento exclusivo para a CNN aponta que maioria das aplicações de renda fixa está com rendimento real menor comparado ao começo do ano
Um levantamento exclusivo realizado pela YUBB para a CNN aponta que, mesmo com a taxa básica de juros, a Selic, em alta, o rendimento real dos investimentos em renda fixa está menor do que quando ela estava a 2% ao ano, no começo de 2021.
Após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic chegou a 9,25% ao ano, o maior valor desde julho de 2017. Como as taxas de rendimento dos investimentos em renda fixa seguem a Selic, eles aumentaram.
Entretanto, o rendimento real considera o valor com decréscimo da inflação, que corrói o poder de compra da população. Levando isso em conta, apenas a poupança e o CDB de bancos grandes estão com um rendimento real maior do que quando a Selic estava em 2% ao ano.
Com o novo patamar da taxa de juros, a poupança passou por uma mudança na regra, voltando a render 0,5% ao mês acrescida da taxa referencial. Confira os rendimentos reais:

Segundo Priscila Yazbek, analista de economia da CNN, "vários investimentos estão rendendo menos do que no começo do ano porque a inflação subiu mais que os rendimentos. Então o rendimento real fica menor quando deveria ser maior".
Ela afirma, ainda, que a expectativa atual do mercado é que o Banco Central mantenha uma postura mais dura, elevando a taxa Selic em um ritmo elevado.
No comunicado divulgado na quarta-feira, a autarquia citou riscos como o da variante Ômicron do coronavírus e uma cautela de bancos centrais no exterior. Com isso, a visão do mercado é que "o Banco Central está mais preocupado com a inflação do que com a atividade econômica".
A previsão é que a taxa Selic atinja um pico de alta entre 11% e 12%, no primeiro trimestre de 2022. "O mercado quer que a Selic suba para que seja dado um choque na inflação, mas o setor produtivo diz que essa Selic alta freia ainda mais a atividade e não tem efeito sobre preços administrados, como o da energia, colocados a despeito de um juro maior ou menor", diz Yazbek.
*Publicado por João Pedro Malar