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    Reino Unido espera aporte bilionário de fundos de pensão para impulsionar economia

    Economia britânica precisa de impulso e governo espera que recursos da previdência país possam ajudar

    Hanna Ziadyda CNN , Londres

    O ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, anunciou na última segunda-feira (10) que nove dos maiores provedores de pensões da Grã-Bretanha concordaram em aumentar seus investimentos em empresas britânicas de alto crescimento.

    Segundo Hunt, a medida pode liberar até £ 50 bilhões (R$ 315 bilhões) de financiamento se outros fundos de pensão também adotassem a iniciativa.

    Como parte do acordo, empresas como Aviva (AIVAF), Legal & General (LGGNY) e Mercer se comprometeram a alocar pelo menos 5% dos ativos em seus fundos padrão para empresas não listadas até 2030.

    Todos os planos de pensão no local de trabalho do Reino Unido oferecem fundos padrão, no qual os beneficiários que não escolhem sua própria estratégia de investimento são automaticamente inscritos.

    “Os pensionistas britânicos devem se beneficiar do sucesso dos negócios britânicos”, disse Hunt antes de seu discurso anual na Mansion House sobre o estado da economia do Reino Unido, feito na frente de centenas de altos executivos em Londres.

    “Desbloquear o investimento” poderia aumentar a renda típica de aposentadoria em mais de £ 1.000 por ano (R$ 6.318) e direcionar mais fundos para “nossas empresas mais promissoras, impulsionando o crescimento no Reino Unido”, acrescentou.

    Momento de crise

    As medidas para aproveitar o dinheiro dos fundos de pensão vêm em um momento crucial para uma economia que sofre de inflação teimosamente alta, investimento deprimido e crescimento fraco.

    O governo também está sob pressão para entregar benefícios pós-Brexit para Londres, o epicentro do setor de serviços financeiros do Reino Unido.

    Além do acordo sobre pensões, Hunt anunciou um projeto de lei que tornará mais fácil para as empresas listarem em Londres e revelou planos para restabelecer quase 100 leis da União Europeia que foram “retidas desnecessariamente”.

    “Quero que as empresas de crescimento mais rápido do mundo cresçam e sejam listadas aqui, tornando [a Bolsa de Valores de Londres] não apenas a Nasdaq da Europa, mas muito mais… queremos que ela seja a capital global do capital”, disse Hunt em discurso.

    Desde que a Grã-Bretanha deixou a UE, Londres perdeu empregos e ativos para grandes cidades do bloco, como Frankfurt e Paris, além de outros centros financeiros, como Nova York.

    Nos últimos meses, várias empresas listadas em Londres também consideraram mudar suas listagens para os Estados Unidos ou listar duas ações. A decisão de março da fabricante de chips ARM, joia da coroa do setor de tecnologia do Reino Unido, de realizar seu IPO em Wall Street foi um golpe doloroso.

    “Mansion House Reforms”

    Ao canalizar mais economias de aposentadoria do Reino Unido – no valor de cerca de £ 2,5 trilhões (R$ 15 trilhões) – em empresas de alto crescimento, as “Mansion House Reforms” de Hunt esperam tornar o Reino Unido o lugar ideal para empresas que desejam crescer e levantar capital.

    Eles se baseiam nas “Reformas de Edimburgo” divulgadas em dezembro, que representam a revisão mais significativa da política de serviços financeiros da Grã-Bretanha em duas décadas.

    As reformas e o acordo de pensões da Mansion House “marcam um ponto de virada histórico que atingirá o duplo objetivo de garantir um futuro melhor para os aposentados e canalizar bilhões para nossa economia”, disse Nicholas Lyons, chefe da City of London Corporation, que dirige o City of London, o distrito financeiro da capital do Reino Unido.

    A CEO da Bolsa de Valores de Londres, Julia Hoggett, disse que as reformas “ajudariam muito” a garantir que os mercados de capitais do Reino Unido possam “financiar empresas e instituições que impulsionam a inovação”.

    Desbloqueando pensões

    A Grã-Bretanha tem o segundo maior mercado de pensões do mundo depois dos Estados Unidos, mas os fundos de pensão do Reino Unido têm muito menos exposição a ações do que seus equivalentes internacionais.

    Nos últimos 25 anos, principalmente como resultado de mudanças regulatórias e contábeis, os fundos de pensão do Reino Unido reduziram sua exposição a ações de 73% para apenas 27% e quadruplicaram sua alocação a títulos, de acordo com o think tank New Financial.

    A exposição dos fundos de pensão do Reino Unido aos mercados de ações domésticos caiu ainda mais acentuadamente: de 53% em 1997 para 6% em 2021.

    A New Financial também estima que apenas 11% dos ativos de pensão do Reino Unido são investidos em classes alternativas de ativos, como fundos de hedge, private equity e infraestrutura, em comparação com uma média global de 19%. O que pesou nos retornos de acordo com o think tank em um relatório recente.

    Outra nova reforma destinada a estimular o investimento em empresas do Reino Unido é um programa para consolidar fundos de pensão, com a justificativa de que fundos maiores têm escala para investir em uma gama mais ampla de ativos e oferecer melhores retornos.

    Em outro passo para potencializar o mercado britânico, o ministro de Finanças disse que o Reino Unido planeja criar o primeiro “local de negociação intermitente” global, que permitirá que empresas privadas acessem mercados públicos sem uma listagem completa.

    Os planos mais recentes do governo acelerarão as mudanças já em andamento no setor de pensões, disse Nigel Peaple, diretor de política e pesquisa da Pension and Lifetime Savings Association, que representa a maioria dos grandes fundos de pensão.

    A combinação de medidas provavelmente terá efeitos de “grande alcance” nos tipos de ativos em que os fundos de pensão investem, facilitando o acesso das empresas ao capital de que precisam para crescer, pontuou Hunt.

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