Guerra na Ucrânia deve custar US$ 2,8 trilhões à economia global, estima OCDE

Ataque da Rússia deflagrou um salto nos preços de energia, que enfraqueceu os gastos das famílias e minou a confiança das empresas, particularmente na Europa

Sergio Caldas, do Estadão Conteúdo
Homem é visto em frente aos escombros de um prédio atingido por um ataque de mísseis russos na cidade ucraniana de Kharkiv, em 07 de setembro de 2022
Conflito deslocou cadeias de suprimento, causou escassez de alimentos e de outros produtos essenciais e abalou os mercados financeiros globais  • Metin Aktas/Anadolu Agency/Getty Images
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A guerra da Rússia na Ucrânia deverá custar à economia global US$ 2,8 trilhões em produção perdida até o fim de 2023, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A estimativa do grupo de economias avançadas, que tem sede em Paris, expõe a magnitude do impacto econômico da invasão da Ucrânia por forças russas há cerca de sete meses, no pior conflito militar no continente desde a Segunda Guerra Mundial.

O ataque da Rússia deflagrou um salto nos preços de energia, que enfraqueceu os gastos das famílias e minou a confiança das empresas, particularmente na Europa.

O conflito deslocou cadeias de suprimento, causou escassez de alimentos e de outros produtos essenciais e abalou os mercados financeiros globais.

Governos do Ocidente temem que a recente decisão da Rússia de convocar reservistas e fazer preparativos para anexar mais partes do território ucraniano possam prolongar a guerra por meses, talvez anos, alimentando as incertezas que já pesam na economia global.

"Estamos pagando um preço alto pela guerra", disse o economista-chefe interino da OCDE, Álvaro Santos Pereira.

Em relatório publicado nesta segunda-feira (26), a OCDE prevê que a economia global crescerá 3% este ano e 2,2% no próximo. Antes da guerra, as projeções eram de avanços de 4,5% em 2022 e de 3,2% em 2023.

A diferença entre as estimativas significa que o conflito e suas consequências custarão ao mundo o equivalente à produção econômica gerada pela França ao longo desses dois anos.

A OCDE projeta que a zona do euro terá expansão de apenas 0,3% em 2023, com uma contração de 0,7% na Alemanha, maior economia da região.

Em junho, a entidade esperava ver no próximo ano ganhos de 1,6% na zona do euro e de 1,7% na Alemanha.

Ainda no documento, a OCDE também alerta que a economia da Europa poderá sofrer ainda mais se os preços de energia voltarem a subir e um inverno rigoroso gerar racionamentos.

No caso dos EUA, a OCDE reduziu sua previsão de crescimento no próximo ano de 1,2% para 0,5%, mas ressaltou que uma desaceleração mais forte é possível se a inflação doméstica não moderar em ritmo tão rápido quanto o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deseja.

A OCDE espera que a China se recupere de forma modesta em 2023, após o arrefecimento causado este ano por lockdowns relacionados à pandemia de Covid-19.

Em junho, a entidade previa expansão de 4,4% da economia chinesa em 2022, mas agora espera acréscimo de apenas 3,2%. Para 2023, projeta crescimento de 4,7%.

Brasil

Em relação ao Brasil, a OCDE prevê avanço de 2,5% da economia neste ano e ganho bem mais contido em 2023, de apenas 0,8%.

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