Fundador do Alibaba desiste de vender ações da empresa após papéis despencarem
Valor da operação seria de cerca de R$ 4,2 bilhões
O executivo chinês Jack Ma adiou os planos de vender 10 milhões de ações do Alibaba, no valor total de US$ 871 milhões (cerca de R$ 4,2 bilhões, na cotação atual), após os papéis da empresa despencarem na semana passada.
Depois de o preço cair para um patamar abaixo das expectativas do bilionário, ele não vendeu “uma única ação”, de acordo com uma postagem da diretora de pessoal do Alibaba, Jane Jiang Fang, em um fórum interno da empresa.
As vendas estavam inicialmente previstas para ocorrer na última terça-feira (21) por meio da JC Properties e da JSP Investment, duas entidades ligadas ao executivo e à sua fundação filantrópica, segundo documentos.
A informação foi divulgada no mesmo dia em que o Alibaba informou os lucros do terceiro trimestre.
A empresa anunciou também que abandonaria os planos de deslocar seu braço de computação em nuvem, em parte devido às incertezas causadas pelos controles dos EUA sobre as exportações de chips para a China.
As ações do Alibaba despencaram 9% em Nova York na quinta-feira (23) e quase 10% em Hong Kong na sexta-feira (24), o que fez com que a empresa perdesse US$ 20 bilhões (R$ 98 bilhões) de valor de mercado.
Até agora, neste ano, as ações do Alibaba caíram mais de 10%.
Jiang disse que o fato de as duas notícias terem chegado ao mesmo tempo foi apenas uma “coincidência”.
A notícia da venda gerou rumores de que o CEO havia perdido a confiança na empresa, mas Jiang pediu aos funcionários que descartassem tal especulação.
O executivo disse que as transações faziam parte de um plano de longo prazo definido em agosto, que permitiria ao gabinete do executivo investir em tecnologia agrícola e projetos de bem-estar, dentro e fora da China.
O empresário acredita que as ações da empresa sediada em Hangzhou “são atualmente significativamente inferiores ao valor real do Alibaba e ele não as venderá”, disse.
O presidente do Alibaba, Joe Tsai, escreveu em um comentário que tinha “total confiança” na empresa.
Na sexta-feira, o escritório de Jack Ma disse ao South China Morning Post, jornal de Hong Kong (propriedade do Alibaba), que ele permanecia “muito positivo” sobre as perspectivas da empresa, apesar dos planos para “uma venda parcial”.
A CNN procurou a fundação de Jack e o Alibaba, que não fizeram comentários sobre o assunto até a publicação desta reportagem.
O grupo está atualmente no meio de uma grande reestruturação, anunciada em março, que originalmente pretendia dividir a empresa em seis unidades separadas, cada uma supervisionada pelo seu próprio presidente e conselho de administração.
Mas, na semana passada, o Alibaba disse que iria repensar os planos não apenas para o seu negócio na nuvem, mas também para sua rede de supermercados Freshippo, citando a necessidade de “avaliar as condições do mercado”.
Jack Ma fundou o Alibaba em 1999. Ele deixou o cargo de presidente da empresa em 2019, cerca de um ano antes de ter problemas com autoridades chinesas por criticar bancos e empresas reguladoras.
Desde então, o empresário manteve um perfil relativamente discreto, embora permaneça acionista do Alibaba.