Acha que o supermercado subiu muito mais que a inflação na pandemia? É verdade
No primeiro ano da pandemia, preço dos alimentos no supermercado acumula alta de quase 20%, comparado a 5,2% da inflação
O preço dos alimentos começam a dar os primeiros sinais de trégua, e os aumentos assustadores vistos em alguns produtos no ano passado já estão perdendo força. Ainda assim, as eventuais reduções são pequenas e estão bem longe de deixar os produtos mais baratos.
No primeiro ano completo desde o início da pandemia, o preço dos alimentos no supermercado acumula alta de quase 20%, considerados os 12 meses de março de 2020 até fevereiro de 2021.
A alta do grupo da alimentação em domicílio neste período foi de 19,4%, de acordo com dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplos (IPCA), indicador oficial de inflação, divulgado nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É quase quatro vezes mais do que a inflação geral, que, nos mesmos 12 meses, acelerou para já altos 5,2%, a maior variação desde janeiro de 2017.
Entre os “culpados” estão muitos itens bastante presentes na mesa dos brasileiros: a batata está, hoje, 48% mais cara que antes da pandemia, o feijão preto subiu 52% e, no topo da lista, o arroz subiu 70% e o óleo de soja, quase 90%. Os legumes subiram, em média, 32%, as hortaliças e verduras (como brócolis e alface) avançaram 23% e as frutas estão 27% mais caras.
As altas foram um resultado do aumento das exportações e dos preços de alguns desses produtos no mundo, piorado pela disparada do dólar, que deixou os valores praticados lá fora ainda mais caros em reais. Misturou-se a isso, ainda, uma mudança de hábito dos brasileiros que, saindo menos de casa, pegaram o dinheiro que receberam do auxílio emergencial e correram para os supermercados.
O que esperar
A boa notícia é que os aumentos mais fortes, na casa dos dois dígitos em alguns casos, podem ter ficado para trás. A alta média nos preços dos alimentos no supermercado, em fevereiro, foi de 0,3% – abaixo, inclusive, do IPCA geral, que subiu 0,86% no mês, puxado, principalmente, pela alta de de 7% da gasolina.
Já é bem menos do que nos meses anteriores, em que esse aumento da alimentação em domicílio vinha a um ritmo de mais do que 1% ao mês.
Itens importantes também já tiveram queda. O óleo, por exemplo, caiu 3% em fevereiro e, o arroz, 1,5%. A batata despencou quase 15%. O tomate teve queda de 8,5% e o leite, foi reduzido em 3%.
A visão de especialistas, porém, é que as correções para baixo, se houver, serão muito pequenas, e os consumidores dificilmente voltarão a ver os mesmos preços de antes para esses produtos.
“Passamos por um choque de commodities agrícolas que já está diminuindo, e isso já começa a aparecer na variação dos alimentos e bebidas bem mais baixa no IPCA em fevereiro”, disse Tiago Tristão, economista da Genial Investimentos.
“Mas isso significa apenas que não vai aumentar tanto. As altas estão arrefecendo, mas em um nível muito alto, e não há a expectativa de que devam baixar muito.”