Alta nos preços sustenta receita da carne de frango no 1º semestre
Resultado foi impulsionado pelo aumento de 3,4% no preço médio, que alcançou US$ 1,81 por quilo

Mesmo com redução no volume exportado, o Brasil aumentou a receita obtida com carne de frango no primeiro semestre de 2025, segundo dados do ComexStat, sistema de estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Entre janeiro e junho, foram embarcadas 2,4 milhões de toneladas de carnes frescas, refrigeradas ou congeladas — queda de 0,5% em relação ao mesmo período de 2024.
Ainda assim, o valor exportado cresceu 2,4%, somando US$ 4,34 bilhões, resultado sustentado pela alta de 3,4% no preço médio do produto, que alcançou US$ 1,81 por quilo.
O resultado foi impulsionado pelo aumento de 3,4% no preço médio do produto, que alcançou US$ 1,81 por quilo. Os dados indicam que, apesar de embarcar menos, o Brasil faturou mais com frango, graças à valorização do preço internacional.
Levantamento da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que inclui também produtos processados, mostra movimento semelhante: 2,6 milhões de toneladas exportadas (+0,5%) e US$ 4,87 bilhões em receita (+5%).
A valorização, no entanto, ocorre em meio a um cenário de instabilidade causado pelo surto de gripe aviária registrado em 2024. A doença levou à imposição de restrições comerciais por parte de diversos países, o que ainda afeta mercados importantes para o setor.
A China, principal destino da carne de frango brasileira, reduziu suas compras em 9,1% no semestre, com US$ 546 milhões em importações — o equivalente a 12,6% da receita total.
Para tentar reverter a situação, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pediu neste sábado (6) ao primeiro-ministro da China, Li Qiang, a reabertura completa do mercado chinês.
O encontro ocorreu durante a cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Fávaro, a OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal já ratificou o status do Brasil como livre de influenza aviária de alta patogenicidade em granjas comerciais.
“Ele disse que já tinha ciência [do status brasileiro] e prometeu analisar o mais rápido possível”, afirmou o ministro à CNN.
Enquanto a China mantém parte das restrições, outros mercados retomaram suas compras. Os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, aumentaram em 14,2% o valor importado de carne de frango brasileira no semestre, com US$ 495 milhões.
Japão e Arábia Saudita seguem com barreiras localizadas a granjas do Rio Grande do Sul.
Apesar da queda pontual nas exportações de junho — com retração de 21,2% no volume e 19,7% na receita — o setor avalia que o pior já passou.
“Por um lado, o saldo registrado em maio e junho demonstraram um impacto real inferior ao que se chegou a especular com as suspensões decorrentes do único foco identificado e já resolvido de Influenza Aviária em produção comercial”, disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
“Agora, com a publicação da autodeclaração do Brasil de Livre de Influenza Aviária junto à Organização Mundial de Saúde Animal, a maioria dos mercados retornou o fluxo das exportações e outros deverão restabelecer em breve. A expectativa é que ocorra uma significativa evolução nos níveis dos embarques neste segundo semestre, ampliando o resultado positivo esperado para este ano”, avaliou.