Análise: Tempo de negociação só está começando
Nova era do comércio internacional traz desafios para competitividade global, com alterações nas tarifas e impactos nos preços ao consumidor
O cenário do comércio internacional está passando por uma transformação significativa, marcada por uma nova dinâmica de negociações e mudanças nos preços relativos globais. A análise é da analista de economia da CNN, Thais Herédia.
A revolução nas relações comerciais tem alterado fundamentalmente a natureza das negociações entre países e empresas.
O Brasil, por exemplo, conseguiu uma posição diferenciada ao obter exceções à tarifa de 50% para 43% de suas exportações, que mantêm apenas 10% de taxação.
Esta situação coloca o país em desvantagem competitiva em relação a outros mercados que enfrentam tarifas de 10% a 41%.
Impacto nos preços e consumo
A nova configuração do comércio internacional deve afetar diretamente os preços ao consumidor. O modelo de produtos baratos e facilmente acessíveis, como um carregador USB que chega em poucas horas por R$ 30, com componentes de diversos países, pode estar chegando ao fim, aponta Herédia.
A diluição das tarifas ao longo da cadeia produtiva resultará em custos mais elevados para empresas, importadores e consumidores.
Desafios para a economia brasileira
O Brasil enfrenta desafios particulares neste novo cenário. Apesar das vantagens tarifárias em alguns setores, o país ainda lida com baixa produtividade do trabalhador, renda menor e instrumentos limitados para enfrentar mudanças nos preços relativos.
A necessidade de taxas de juros três vezes maiores que outros países para controlar níveis similares de inflação exemplifica as dificuldades estruturais da economia brasileira.
A competitividade tornou-se o fator central neste novo ambiente de negociação permanente. As empresas e países precisarão se adaptar a uma nova forma de negociar e competir, exigindo uma reestruturação nas estratégias comerciais e nas bases de produtividade.
Publicado por João Nakamura, da CNN