Após reunião com líderes do Senado, governo diz que não tem “nenhum interesse em aumentar a carga tributária”
Lideres partidários estão confiantes com aprovação da tributária na Comissão de Constituição e Justiça, mas não no plenário
Às vésperas do início da apreciação da reforma tributária no Senado Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com líderes da Casa, com o relator da proposta, senador Eduardo Braga (MDB), com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
O encontro durou duas horas e meia na noite desta segunda-feira (6), no Palácio do Planalto.
De acordo com líderes, a reunião foi essencialmente para fazer um balanço de como está o movimento das bancadas sobre a pauta.
Líderes que participaram do encontro afirmaram à CNN, em reservado, que o governo está confiante que conquistará os votos para aprovação da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Porém, pela contagem de momento, ainda não garantem aprovação no plenário da Casa, onde são necessários três quintos dos votos, por se tratar de uma proposta de emenda à Constituição (PEC).
“É a reforma tributária dos sonhos de todos? Evidente que não, cada um tem o defeito para apontar, mas como já foi dito por alguns líderes, no plenário inclusive, nada será pior do que a situação atual qualquer coisa será melhor. Acho que essa será muito melhor”, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
Os líderes, porém, não quiseram apostar em um placar neste momento e apenas defenderam que estão em contato com líderes da oposição.
Na negociação com a oposição, está desde acatar emendas apresentadas por esses partidos até colocar vetos de interesse do grupo na sessão do Congresso Nacional, marcada para quinta-feira (9).
Na ocasião devem ser analisados vetos do governo à propostas aprovadas pelo Legislativo e que geraram indigestão entre parlamentares. Entre eles, estão os vetos ao Marco Temporal.
De acordo com líderes, o governo está em contato com a Frente Parlamentar da Agricultura para tratar sobre o tema.
“Não temos nenhum interesse em aumentar a carga tributária. O que nós queremos é ampliar a base de cobrança, mas esse é compromisso do governo. O relator introduziu uma coisa (sic), inclusive, para falar das exceções que estão previstas de revisão de cinco em cinco anos. Então, evidente que eu posso fazer uma exceção hoje e daqui a cinco anos não se justifique mais. O que, aliás, coincide com alguns pontos de vistas que foram colocados hoje pelo líder da oposição”, disse o líder do governo.
Wagner também destacou que o texto do senador Eduardo Braga será o texto apoiado pelo governo, que não será fatiado e garantiram aprovação na Casa.
“Não dá para dizer que é uma matéria do governo. Muitas das coisas que estavam na reforma tributária já estavam pensadas antes, nas PECs 45 e 110. Essa PEC tem muito das duas. Todos sabem da importância dessa matéria para o Brasil e para os investimentos”, afirmou Wagner.
Também para discutir o andamento da reforma tributária, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se reuniu nesta segunda com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com relator, Eduardo Braga, com o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, e com Jaques Wagner.