Avantto planeja investimento de US$ 250 milhões em “carros voadores”, diz CEO
Em entrevista ao CNN Brasil Business, Rogério Andrade, CEO da Avantto, contou as expectativas e planos da empresa sobre a chegada dos eVTOLs
Maior empresa de compartilhamento de helicópteros e aviões executivos do Brasil, a Avantto quer ser uma das pioneiras no transporte aéreo por eVTOLs, veículos aéreos também chamados de “carros voadores”, que em breve farão parte da paisagem de grandes centros urbanos pelo mundo afora.
Em entrevista ao CNN Brasil Business, Rogério Andrade, CEO da Avantto, falou sobre as expectativas e planos da companhia, que recentemente encomendou 100 eVTOLs da Eve, a subsidiária da Embraer, que deve iniciar a entrega dos aparelhos em meados de 2026. “Estamos empolgados para iniciar esse novo negócio.”
Veja a seguir os principais trechos da entrevista:
Por que a Avantto escolheu o eVTOL da Embraer?
São algumas razões. A primeira delas é que já temos uma relação estabelecida com a Embraer há muitos anos. A Avantto é a maior operadora de aviação privada da Embraer da América Latina. Temos hoje a maior frota de jatos Phenom da região. Conhecemos a capacidade da Embraer de desenhar e fabricar produtos de qualidade.
A segunda razão tem a ver com a experiência bem-sucedida da Embraer em homologar máquinas voadoras, e isso não é uma tarefa fácil.
Um terceiro ponto muito relevante é a confiabilidade dos produtos da Embraer. Quando falamos sobre esse tema podemos destacar alguns aspectos. Um deles é se o equipamento poderá decolar toda vez que você precisar dele, o que chamamos de despachabilidade. Outro ponto é conseguir ser assertivo na definição dos custos operacionais. O operador precisa ter previsibilidade se não o negócio vai por água abaixo.
Por último, mas não menos importante, é que estamos falando de um produto nacional. O suporte oferecido pela Embraer aqui no Brasil é de alta qualidade. Temos facilidade para obter peças de reposição, pois a fábrica fica aqui do lado. Ainda temos a oportunidade de participar ativamente da fase final do desenvolvimento do eVTOL.
E não basta apenas ter o equipamento. O eVTOLs vai exigir a criação de infraestruturas físicas para receber os pousos e decolagens das aeronaves e um novo sistema de controle de espaço aéreo supermoderno que vai permitir a operação autônoma dos eVTOLs. A Embraer, por meio da Eve, também está trabalhando nessas frentes. Será um grande aprendizado para nós e para a Embraer.
Quanto a Avantto planeja investir no setor dos eVTOLs?
O plano de negócios ainda está sendo definido, mas já podemos adiantar alguns números. Cada eVTOL custa em torno de US$ 2,5 milhões. Então, só em investimentos em eVTOLs são US$ 250 milhões.
Muito provavelmente teremos um intermediário financeiro, que fará o leasing das aeronaves para a Avantto. Efetuamos a ordem para garantir as unidades, e depois faremos o desenho financeiro para aquisição dos eVTOLs. Isso é muito comum no mundo da aviação.
Como a Avantto está se preparando para estrear no transporte de eVTOLs?
A sigla eVTOL em inglês significa Aeronave Elétrica de Pouso e Decolagem Vertical. O helicóptero, portanto, é um veículo VTOL. Ele só não é elétrico. A Avantto possui uma longa experiência em operações com helicópteros. Somos o maior operador de helicópteros em áreas urbanas do mundo. Isso nos dá uma vantagem competitiva enorme. Vamos fazer a mesma coisa com os eVTOLs, mas numa escala maior e para um público potencial muito maior.
Em quais cidades a Avantto pretende implementar os serviços de eVTOL?
O nosso acordo com a Embraer é para implementar os eVTOLs em toda América Latina. Obviamente, São Paulo é a cidade com maior demanda potencial na região, disparado. O Rio de Janeiro também tem uma boa demanda potencial, assim como a Cidade do México.
São Paulo tem capacidade para ter mais de 500 eVTOLs em circulação. No Rio de Janeiro, em torno de 200 aparelhos. Até meados de 2030, cinco anos após o início dos voos com eVTOLs, capitais na América Latina poderão abrigar em torno de 1.500 eVTOLs. O nosso pedido de 100 aeronaves é apenas o começo. A tendência é que venham mais levas de aeronaves.
Os eVTOLs podem substituir os helicópteros?
No curto prazo, não. O alcance de voo do eVTOL é muito menor do que o do helicóptero. Os nossos clientes de compartilhamento de helicópteros, por exemplo, costumam fazer viagens para suas casas de campo ou de praia. O eVTOL ainda não tem autonomia para uma missão desse tipo. Isso ainda pode demorar muito anos. O grande limitador do eVTOL hoje, em termos de alcance, é a bateria. É necessário desenvolver uma bateria com maior capacidade de armazenamento de energia.
O modelo de negócio de compartilhamento de aeronaves da Avantto é viável com eVTOLs?
Sim. O conceito do eVTOL é o mesmo de outros meios de transporte. Você pode ter o seu carro, andar de táxi, Uber ou de ônibus. Um eVTOL que cumprir rotas regulares será como um ônibus. Em uso eventual, do ponto A ao ponto B fora das rotas regulares, o eVTOL funciona como um táxi ou Uber. No futuro, quem quiser um eVTOL para se deslocar até a casa de campo ou de praia poderá ter um modelo próprio ou compartilhado sob demanda de uma forma mais exclusiva.
A Avantto está criando novas verticais de negócios. O eVTOL será o meio de locomoção de algumas delas, e os helicópteros e aviões de outras. A frente onde atuamos hoje é a mobilidade aérea privada. Com os eVTOLs, nessa primeira rodada, entraremos na área de mobilidade aérea urbana, que é o alcance que ele permite. Mais à frente, com o eVTOL ganhando mais autonomia de voo, ele entra na área de mobilidade aérea interurbana.
Com esses avanços, penso que os eVTOLs vão concorrer com a aviação regional. Depois, quando o alcance subir muito, a aviação comercial eventualmente vai começar a usá-los. Quando tiverem maior autonomia e maior capacidade de passageiros, os eVTOLs podem entrar na aviação privada.
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