Banco Central quer barrar ampliação do Plano Safra no Conselho Monetário, segundo fontes

Recursos para o agronegócio podem ficar menores do que a expectativa do governo federal e do próprio setor

Gabriela Prado, da CNN, Em São Paulo
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O Banco Central (BC) trabalha para impedir o aumento da liberação de direcionamento compulsório para o Plano Safra 2023/2024, segundo fontes ouvidas pela CNN.

Com isso, os recursos para o agronegócio podem ficar menores do que a expectativa do governo federal e do próprio setor.

Os agricultores aguardam a definição ainda neste mês para fazer o planejamento do próximo ano agrícola. Nesse contexto, a posição do Banco Central entra em rota de colisão com o setor do agronegócio.

Procurada pela CNN, a assessoria de comunicação do Banco Central informou que não há definição sobre o tema, pois o assunto está em discussão com área técnica e ainda será debatido com governo.

A votação para a liberação desses recursos deve ser na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 29 de junho. A CNN ouviu de fontes ligadas ao setor e ao governo que o BC deve votar contra a expansão da autorização do Plano, mas deve perder porque o governo é maioria.

O Conselho Monetário Nacional é formado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad; a Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O direcionamento compulsório é uma captação de depósitos que os bancos são obrigados a manter depositados no BC. De acordo com o próprio site do BC, esse direcionamento quando relacionado a recursos da poupança são destinados ao financiamento imobiliário e empréstimo rural.

Segundo fontes do governo e da instituição, o Ministério da Fazenda quer aumentar o direcionamento de depósitos à vista, da poupança e das Letras de Crédito Agropecuário (LCA) para conseguir ampliar os recursos para o agronegócio.  O BC tem pressionado o governo contra a medida.

Expectativa do Plano Safra

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), afirmou que representantes do setor têm conversado com o Banco Central para mostrar as necessidades do agronegócio.

A queda do preço das commodities é uma das principais preocupações para o planejamento da safra.

A taxa de juros também é alvo de críticas do setor. "Equalizar juros de 13,75% é bem mais caro do que juros de dez (por cento)", comentou Lupion.

A FPA diz que o ideal seria liberação de R$ 25 bilhões para equalização de juros.

"Nós não temos enxergado um espaço fiscal para chegar nesse montante. As sinalizações que recebemos são cerca de R$ 15 bilhões para o Ministério da Agricultura e R$ 8 bilhões para o Ministério de Desenvolvimento Agrário. O que daria um Plano Safra razoavelmente robusto'', afirmou Lupion.

Na quinta-feira (15), em entrevista a rádios de Goiás, o presidente Lula afirmou que o governo vai fazer um "bom Plano Safra".

"Nós queremos que a agricultura brasileira continue produzindo, continue plantando cada vez mais, para continuar exportando cada vez mais", disse o presidente.

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