Banco24Horas registra alta de 18% nos saques no 3º trimestre de 2020
Levantamento considerou o valor sacado em mais de 23 mil caixas eletrônicos distribuídos por 860 cidades em todos os estados do país


O uso do dinheiro em espécie não só sobrevive à pandemia e às opções digitais de meios pagamento, como também registrou aumento de 18% no valor médio de saques no 3º trimestre de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019. O crescimento foi constatado pela TecBan, administradora do Banco24Horas.
O estudo levou em consideração o valor sacado em mais de 23 mil caixas eletrônicos distribuídos por 860 cidades em todos os estados do país, que atenderam 50 milhões de pessoas durante os meses analisados.
De acordo com o levantamento, todas as regiões do país registraram aumento no valor médio de saques no período analisado.
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Pandemia e auxílio emergencial
Dentre as razões para esse incremento está o pagamento de auxílio emergencial a um quarto de toda a população brasileira. A demanda por dinheiro em papel moeda levou o Banco Central a pedir a impressão de mais R$ 9 bilhões em cédulas para viabilizar o pagamento do auxílio.
“A pandemia fez com que a população, sobretudo a mais carente, buscasse mais dinheiro em espécie. Um mapeamento do comportamento dos terminais do Banco24Horas em São Paulo revelou um aumento de cerca de 6% das transações nas regiões mais periféricas da cidade, em meio à pandemia”, explica Ariovaldo Ribeiro, superintendente de autoatendimento da TecBan.
O levantamento também mostrou aumento no número de transações em regiões de classes C, D e E, em todo o Brasil. Em média, o crescimento chegou a 3,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse percentual é ainda mais acentuado no Norte e no Nordeste, regiões que acumularam alta de 4,6%. Isso converge ao fato de que 64% dos saques mensais no Banco24Horas, em todo o território nacional, são realizados nos caixas eletrônicos localizados em regiões de consumidores dessas classes sociais.
“Nos terminais do Banco24Horas, três em cada cinco saques são realizados por pessoas em situação econômica mais vulnerável. Tudo isso ajuda a mover uma economia local importante, que gera riqueza e emprego”, diz o executivo.
Desbancarizados
O Banco Mundial estima que são 50 milhões de desbancarizados no Brasil. Isso reforça um dado do Banco Central que mostra que 29% das pessoas do país ainda recebem seus salários em dinheiro em espécie.
“São R$ 817 bilhões movimentados pela população carente que depende exclusivamente de dinheiro para pagar suas contas e sustentar a economia doméstica. Todos os anos, o Banco24Horas movimenta cerca de 4,6% do PIB brasileiro em seus caixas. Isso representa 1,5 vezes o M1 brasileiro [volume de dinheiro papel em circulação na economia nacional], segundo dados do BIS [Banco de Compensações Internacionais]”, informa Ribeiro.
Na visão do executivo, o acesso ao dinheiro não pode ser secundário ao desenvolvimento dos meios digitais, sob risco de ampliar a exclusão econômica.