BC indicou apenas direção da próxima reunião pela alta incerteza, diz ata
Ata do Copom foi divulgada nesta terça-feira (25); colegiado indicou um ajuste de menor magnitude na próxima reunião

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, o Banco Central (BC) confirmou que deve fazer um ajuste de menor magnitude na taxa básica de juros, a Selic. Em documento divulgado nesta terça-feira (25), a autoridade informou que optou por apenas indicar a direção da próxima decisão devido ao elevado cenário de incertezas.
"Em função das defasagens inerentes ao ciclo monetário em curso, o Comitê também julgou apropriado comunicar que o próximo movimento seria de menor magnitude. Além disso, diante da elevada incerteza, optou-se por indicar apenas a direção do próximo movimento", diz o documento.
O BC indicou também que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação. Na ata, o BC projeta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o ano em 5,1%.
“Se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta por seis meses consecutivos, contados desde janeiro deste ano. Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, diz.
O comitê citou as tarifas implementadas pelos Estados Unidos como elementos de incertezas. Segundo a autoridade monetária, as dúvidas sobre a implementação das taxas têm impacto sobre as expectativas, determinação de preços e inflação em países emergentes.
“Há dúvidas sobre a condução da política econômica em diversas dimensões, tais como possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, abrangência e intensidade da elevação das tarifas à importação e alterações importantes em preços relativos decorrentes de reorientações da matriz energética, o que pode impactar negativamente as condições financeiras e os fluxos de capital para economias emergentes”, afirma.
No documento, o BC afirmou também que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo, embora haja sinais de uma incipiente moderação no crescimento.
De acordo com a ata, a desaceleração econômica é parte do processo de transmissão de política monetária e elemento necessário para a convergência da inflação à meta.
“O Comitê segue avaliando que o cenário-base prospectivo envolve uma desaceleração da atividade econômica, a qual é parte do processo de transmissão de política monetária e elemento necessário para a convergência da inflação à meta. Os dados referentes aos últimos meses seguem oferecendo sinais sugerindo uma incipiente moderação do crescimento”, diz.
Na última reunião, o Copom subiu a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, elevando a Selic para 14,25% ao ano. A decisão foi unânime.
A alta já estava contratada desde a reunião de dezembro de 2024, última realizada sob o comando do ex-presidente do BC Roberto Campos Neto.
No comunicado divulgado na quarta-feira (19), o BC já havia indicado um ajuste de menor magnitude na próxima reunião.
O ajuste deve ser realizado caso confirmado o cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso.