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BC indicou apenas direção da próxima reunião pela alta incerteza, diz ata

Ata do Copom foi divulgada nesta terça-feira (25); colegiado indicou um ajuste de menor magnitude na próxima reunião

Vitória Queiroz, da CNN, Brasilia
Vista do prédio do Banco Central em Brasília
Vista do prédio do Banco Central em Brasília  • Adriano Machado/Reuters
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Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, o Banco Central (BC) confirmou que deve fazer um ajuste de menor magnitude na taxa básica de juros, a Selic. Em documento divulgado nesta terça-feira (25), a autoridade informou que optou por apenas indicar a direção da próxima decisão devido ao elevado cenário de incertezas.

"Em função das defasagens inerentes ao ciclo monetário em curso, o Comitê também julgou apropriado comunicar que o próximo movimento seria de menor magnitude. Além disso, diante da elevada incerteza, optou-se por indicar apenas a direção do próximo movimento", diz o documento.

O BC indicou também que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação. Na ata, o BC projeta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o ano em 5,1%.

“Se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta por seis meses consecutivos, contados desde janeiro deste ano. Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, diz.

O comitê citou as tarifas implementadas pelos Estados Unidos como elementos de incertezas. Segundo a autoridade monetária, as dúvidas sobre a implementação das taxas têm impacto sobre as expectativas, determinação de preços e inflação em países emergentes.

“Há dúvidas sobre a condução da política econômica em diversas dimensões, tais como possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, abrangência e intensidade da elevação das tarifas à importação e alterações importantes em preços relativos decorrentes de reorientações da matriz energética, o que pode impactar negativamente as condições financeiras e os fluxos de capital para economias emergentes”, afirma.

No documento, o BC afirmou também que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo, embora haja sinais de uma incipiente moderação no crescimento.

De acordo com a ata, a desaceleração econômica é parte do processo de transmissão de política monetária e elemento necessário para a convergência da inflação à meta.

“O Comitê segue avaliando que o cenário-base prospectivo envolve uma desaceleração da atividade econômica, a qual é parte do processo de transmissão de política monetária e elemento necessário para a convergência da inflação à meta. Os dados referentes aos últimos meses seguem oferecendo sinais sugerindo uma incipiente moderação do crescimento”, diz.

Na última reunião, o Copom subiu a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, elevando a Selic para 14,25% ao ano. A decisão foi unânime.

A alta já estava contratada desde a reunião de dezembro de 2024, última realizada sob o comando do ex-presidente do BC Roberto Campos Neto.

No comunicado divulgado na quarta-feira (19), o BC já havia indicado um ajuste de menor magnitude na próxima reunião.

O ajuste deve ser realizado caso confirmado o cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso.

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