William Waack

Bessent anuncia encontro com autoridades da China para discutir tarifas

Secretário do Tesouro disse que tratativas devem ocorrer na próxima semana, mas evitou expor detalhes sobre a reunião

Danilo Cruz, da CNN Brasil
Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent  • 29/07/2025Magnus Lejhall/TT News Agency/via REUTERS
Compartilhar matéria

O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, confirmou que vai se reunir pessoalmente na próxima semana com autoridades chinesas — inclusive com o vice-primeiro-ministro He Lifeng — para discutir a guerra comercial entre os dois países.

Segundo Bessent, ambos já conversaram por telefone nesta sexta (17) e seguirão as negociações sobre as tarifas presencialmente em um local ainda não anunciado.

No início de outubro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma taxa adicional de 100% a produtos chineses a partir do dia 1° de novembro, que se juntariam aos 30% já em vigor.

Posteriormente, o republicano reconheceu que o número "não é sustentável", mas que a China "me forçou a fazer isso".

Pequim chamou a atitude de Trump de "discriminação comercial" e pediu que Washington "cumpra as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Após anunciar o cancelamento do encontro, Trump recuou e disse nesta sexta que pretende se reunir com o líder chinês, Xi Jinping para discutir o tema.

"Acho que estamos nos dando bem com a China. Acho que as coisas irão para frente. Tenho um ótimo relacionamento com o presidente Xi Jinping e vamos ver o que irá acontecer", disse.

A nova tarifa foi uma resposta de Trump a regras da China que limitam a venda de minerais de terras raras para outros países. Esses minérios são utilizados para a produção de diversos eletrônicos, inclusive carros elétricos, celulares e equipamentos militares.

De acordo com a IEA (Agência Internacional de Energia), o país asiático responde por mais de 90% da produção global desses minerais.

EUA sentem as tarifas

Segundo o The Budget Lab, da Universidade de Yale, as tarifas devem causar uma perda de US$ 1,8 mil nas rendas das famílias americanas neste ano. Os impactos também chegarão ao PIB, com uma redução de 0,5 ponto percentual no crescimento da economia do país em 2025 e 2026.

A desaceleração seria em decorrência, também, de uma piora no mercado de trabalho e um aumento de 0,3 ponto percentual no desemprego até dezembro.

Além disso, os Estados Unidos viram suas exportações de soja desabarem neste ano após a China suspender a compra do grão de produtores americanos.

Em 2024, os chineses compraram mais de US$ 12 bilhões de soja. Mas, em setembro, as compras foram a zero. Os fazendeiros do país correm risco de falência e calculam um prejuízo bilionário pela suspensão. Em alguns estados, até 60% da exportação do produto é voltada para a Ásia e à China.

Segundo pesquisa da Universidade Purdue, o grupo se mostra menos otimista em relação aos rumos da economia americana diante da incerteza de Trump.

"É uma época ruim para a agricultura dos Estados Unidos e para os fazendeiros. As tarifas estão retirando produtores do negócio", afirmou o presidente da Associação Nacional de Agricultores Negros John Boyd Jr, à CNN Internacional.

Acompanhe Economia nas Redes Sociais