
Bessent anuncia encontro com autoridades da China para discutir tarifas
Secretário do Tesouro disse que tratativas devem ocorrer na próxima semana, mas evitou expor detalhes sobre a reunião

O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, confirmou que vai se reunir pessoalmente na próxima semana com autoridades chinesas — inclusive com o vice-primeiro-ministro He Lifeng — para discutir a guerra comercial entre os dois países.
Segundo Bessent, ambos já conversaram por telefone nesta sexta (17) e seguirão as negociações sobre as tarifas presencialmente em um local ainda não anunciado.
This evening, Vice Premier He Lifeng and I engaged in frank and detailed discussions regarding trade between the United States and China.
We will meet in-person next week to continue our discussions.
— Treasury Secretary Scott Bessent (@SecScottBessent) October 18, 2025
No início de outubro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma taxa adicional de 100% a produtos chineses a partir do dia 1° de novembro, que se juntariam aos 30% já em vigor.
Posteriormente, o republicano reconheceu que o número "não é sustentável", mas que a China "me forçou a fazer isso".
Após anunciar o cancelamento do encontro, Trump recuou e disse nesta sexta que pretende se reunir com o líder chinês, Xi Jinping para discutir o tema.
"Acho que estamos nos dando bem com a China. Acho que as coisas irão para frente. Tenho um ótimo relacionamento com o presidente Xi Jinping e vamos ver o que irá acontecer", disse.
A nova tarifa foi uma resposta de Trump a regras da China que limitam a venda de minerais de terras raras para outros países. Esses minérios são utilizados para a produção de diversos eletrônicos, inclusive carros elétricos, celulares e equipamentos militares.
De acordo com a IEA (Agência Internacional de Energia), o país asiático responde por mais de 90% da produção global desses minerais.
EUA sentem as tarifas
Segundo o The Budget Lab, da Universidade de Yale, as tarifas devem causar uma perda de US$ 1,8 mil nas rendas das famílias americanas neste ano. Os impactos também chegarão ao PIB, com uma redução de 0,5 ponto percentual no crescimento da economia do país em 2025 e 2026.
A desaceleração seria em decorrência, também, de uma piora no mercado de trabalho e um aumento de 0,3 ponto percentual no desemprego até dezembro.
Em 2024, os chineses compraram mais de US$ 12 bilhões de soja. Mas, em setembro, as compras foram a zero. Os fazendeiros do país correm risco de falência e calculam um prejuízo bilionário pela suspensão. Em alguns estados, até 60% da exportação do produto é voltada para a Ásia e à China.
Segundo pesquisa da Universidade Purdue, o grupo se mostra menos otimista em relação aos rumos da economia americana diante da incerteza de Trump.
"É uma época ruim para a agricultura dos Estados Unidos e para os fazendeiros. As tarifas estão retirando produtores do negócio", afirmou o presidente da Associação Nacional de Agricultores Negros John Boyd Jr, à CNN Internacional.