Eleições 2022

Boris Casoy: Governo federal tem boa parte da responsabilidade na inflação

No quadro Liberdade de Opinião desta quarta-feira (12), comentarista Boris Casoy analisa dados do IPCA de 2021, com índice acima do teto estipulado

Fabrizio Neitzke, da CNN, Em São Paulo
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No quadro Liberdade de Opinião desta quarta-feira (12), o jornalista Boris Casoy comentou a carta enviada pelo Banco Central (BC) ao Conselho Monetário Nacional (CMN) após a divulgação do índice oficial de inflação do país, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que encerrou 2021 a 10,06% – acima do teto da meta de 5,25%.

No documento, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o procurador-geral da entidade, Cristiano Cozer, colocaram o aumento do preço das commodities e a crise hídrica no Brasil como os principais responsáveis para a inflação ter estourado a meta prevista para o último ano.

Boris Casoy relembrou que o envio da carta do Banco Central é uma norma e minimizou a "impressão de desabafo". O comentarista também destacou que a instituição, apesar de pública, é independente do governo federal, e, portanto, o cargo de Campos Neto não corre risco de demissão pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o jornalista, o Estado brasileiro é "enorme" e possui muitos desperdícios nas contas públicas. Citando os altos salários como exemplo, Boris defendeu uma reforma administrativa capaz de melhor distribuir a renda dos brasileiros e acabar com o "hospício" da tributação para empresários no país. "O governo [federal] não cuidou disso. Quer dizer, o governo tem uma boa parte de responsabilidade na inflação brasileira."

"Estou dando ênfase na questão do tamanho do governo e gastos irresponsáveis. Inflação é um fenômeno que, em cada país, é diferente", disse.

Questionado sobre o impacto dos resultados da economia para Bolsonaro nas eleições de 2022, Casoy acredita que os índices atuais farão a diferença na hora do voto. O comentarista afirmou que o processo inflacionário deve repercutir principalmente nas classes econômicas mais desfavorecidas, que observaram o aumento de preços no combustível e também nos alimentos.

"O grande palco não é a questão ideológica, não é se o Bolsonaro é bonito ou se o governador do Maranhão é gordo. O problema está na economia, no bolso, pelo menos hoje. Você tem dois grupos distintos, nos extremos da pesquisa: os bolsonaristas e os lulistas. Estes não mudam o voto. Mas a grande massa que é prejudicada pela inflação tende a votar contra o governo. A inflação pode estrepar Bolsonaro na campanha eleitoral", afirmou.

AGU contra vacinação obrigatória para crianças

A Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que uma intervenção da corte nas regras para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 constituiria uma "afronta indiscutível ao princípio da separação dos poderes". A ação é relatada pela ministra Cármen Lúcia, que pode tomar uma decisão sobre o tema nos próximos dias.

Restrições em São Paulo

O governo de São Paulo planeja restringir novamente a realização de eventos com aglomeração em todo o estado por conta do aumento de casos da variante Ômicron. O Comitê Científico de Combate à Covid-19 deve se reunir na tarde de hoje para discutir a medida e anunciar novas normas para o setor.

Renegociação de dívidas

O governo federal editou uma portaria para a regularização de dívidas de microempreendedores individuais e empresas do Simples Nacional, com desconto e parcelamento. O programa vem quase uma semana após o presidente Jair Bolsonaro vetar integralmente o chamado "Refis" para toda a categoria, sob o argumento de que a ação geraria perda de receita aos cofres públicos.

O Liberdade de Opinião teve a participação de Boris Casoy e Fernando Molica. O quadro vai ao ar diariamente na CNN.

As opiniões expressas nesta publicação não refletem, necessariamente, o posicionamento da CNN ou seus funcionários.

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