Café e carne mantêm foco em negociação e descartam compras públicas
Itens estão entre os produtos mais exportados pelo Brasil ao mercado americano nos seis primeiros meses de 2025

Os segmentos de café e carne mantêm suas apostas na negociação com os Estados Unidos como a principal estratégia para lidar com o tarifaço imposto aos produtos brasileiros. Os itens estão entre os 10 produtos mais exportados pelo Brasil ao mercado norte-americano no primeiro semestre de 2025.
Segundo o diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Marcos Matos, a entidade mantém o foco na necessidade de serem mantidas as negociações com a indústria cafeeira norte-americana e o Departamento de Estado dos EUA para obter a isenção das tarifas ao café.
“Os dois países possuem interdependência quando o assunto é café. Portanto, manteremos os esforços para encontrar uma solução que retire ou mitigue significativamente as tarifas, uma vez que não é possível relativizar o mercado dos EUA, que adquire mais de 8 milhões de sacas do produto nacional anualmente, como nosso principal importador”, disse Marcos Matos à CNN .
De janeiro a junho, o segmento de café exportou US$ 1,172 bilhão aos EUA. Foi o terceiro produto mais vendido pelo Brasil ao mercado norte-americano no período. Em 2024, o café representou 4,7% do valor total exportado ao país.
Apostar na negociação também é uma estratégia compartilhada pela indústria de carne bovina. Em entrevista ao CNN Money, o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), Roberto Perosa, disse que o segmento tem defendido junto ao governo federal que o Brasil continue as tratativas com o governo de Donald Trump para retomar o fluxo comercial normal ao país.
Para Perosa, o segmento de carne bovina tem alta capilaridade, o que facilita o redirecionamento do produto para outros mercados. O presidente da Abiec reconhece, porém, que a indústria não conseguirá ter a mesma margem de lucro que registrava ao vender para o mercado americano.
“Continuamos pedindo muito ao governo que continue as tratativas com o governo americano para que a gente possa retomar o fluxo comercial normal aos EUA. São trabalhos em várias frentes para que a gente consiga continuar dando vasão a grande produção de carne bovina que existe no Brasil”, afirmou Perosa ao CNN Money.
No ano passado, a carne bovina representou cerca de 2,3% das exportações brasileiras aos EUA. De janeiro a junho de 2025, a indústria do segmento exportou US$ 738 milhões ao mercado americano.
Compras públicas
Na última segunda-feira (25), o ministro do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Paulo Teixeira, disse que os segmentos de carne e café descartaram haver necessidade de serem incluídos em programas governamentais como medida de socorro ao tarifaço dos Estados Unidos.
À CNN , a Cecafé afirmou que “todas as medidas de apoio são bem-vindas em meio à indecisão a respeito do tarifaço”, mas tem trabalhado para obter a isenção das tarifas ao café.
Já Roberto Perosa, da Abiec, disse que a carne bovina já está presente nas compras governamentais, fazendo parte da merenda escolar, por exemplo. Além da negociação, o segmento também aposta na abertura de novos mercados. A associação esteve presente na comitiva enviada pelo Brasil ao México.
“É uma luta constante de abertura de novos mercados, de manutenção e expansão de mercados que já estão abertos”, afirmou Perosa ao CNN Money.


