Cenário sugere descumprimento da meta da inflação por 3 anos, diz Galípolo
Presidente do BC participou na manhã desta quarta-feira (9) da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados
O cenário inflacionário sugere que o Brasil pode descumprir a meta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) pelos próximos três anos, informou o presidente do Banco Central nesta quarta-feira (9).
Dentre os itens que compõem o IPCA, 72,5% estão superiores à meta (3%), 58,8% estão superiores ao teto da meta (4,5%) e 45,1% estão acima do dobro da meta (6%).
"Nós todos do Copom estamos bastante incomodados porque essas expectativas sinalizam que, em seis meses, tenho que escrever a segunda carta de descumprimento da meta. Tive que escrever em janeiro e vou ter que escrever, agora, provavelmente uma no mês que vem. Nesta lógica aqui, a gente passaria três anos sem cumprir a meta", disse Galípolo.
O presidente do BC participou na manhã desta quarta-feira (9) da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. O convite atende ao pedido dos deputados Florentino Neto (PT-PI), Laura Carneiro (PSD-RJ) e Pauderney Avelino (União-AM).
O BC utiliza a taxa básica de juros como um motor para aquecer ou esfriar a economia e manter a inflação em um patamar sustentável para as pessoas físicas e investidores no Brasil.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), o colegiado elevou a taxa Selic para 15% ao ano. Este é o patamar mais elevado para os juros básicos do país desde maio de 2006, quando o colegiado os havia fixado em 15,25%.
Se os parâmetros observados pelo BC se confirmarem, o Copom antevê o fim do ciclo de alta dos juros na reunião de julho, com objetivo de analisar os impactos e avaliar se o nível corrente da taxa de juros é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.
No último comunicado divulgado, o BC passou a se referir ao período em que os juros se mantêm elevados como "bastante prolongados".
A meta de inflação definida pelo Comitê Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos. Se a meta for descumprida, Galípolo tem que enviar uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para justificar.
O presidente do BC é obrigado a explicar ao ministro da Fazenda quando a autoridade monetária não consegue atingir a meta ou ficar dentro da margem de tolerância por seis meses. Em janeiro, Galípolo já havia escrito uma carta sobre o descumprimento da meta. Na ocasião, a inflação fechou 2024 em 4,83%.