Demanda por voos internacionais atinge maior patamar desde fevereiro de 2020
Segundo a Anac, em junho deste ano foram 1,2 milhão de passageiros transportados, alta de 31,2% na comparação com o mesmo período do ano passado
O número de passageiros transportados em voos internacionais foi o maior registrado desde fevereiro de 2020, superando mais de 1,2 milhão de passageiros em junho deste ano. Os dados foram divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Apesar disso, a demanda e a oferta por voos internacionais ainda não atingiram os patamares de antes da pandemia. A demanda e a oferta em junho deste ano foram, respectivamente, 31,2% e 32,6%, menores na comparação com junho de 2019.
Para Ruy Amparo, diretor de Segurança e Operações de Voo da Abear, os voos internacionais começaram a crescer a partir do primeiro semestre deste ano, mas ainda está muito instável.
Ele diz que, nos dados preliminares de julho deste ano, o número de voos partindo do Brasil para o exterior chegou a 60% do que era no período pré-pandemia, com destaque para os voos partindo de São Paulo.
Apesar de ser possível notar a recuperação da demanda e oferta por esses voos, Amparo explica as dificuldades de se retomar aos patamares anteriores à pandemia de Covid-19.
“Diferente do voo doméstico, é preciso ter mais previsibilidade para abrir para vendas e colocar um voo. Para reabrir um voo internacional, é preciso contratar uma equipe de aeroporto, programar o tráfego aéreo, etc. É muito mais complicado.”, diz ele, que ainda cita os impactos da pandemia e da guerra na Ucrânia da demanda e oferta por voos internacionais.
Ruy comenta ainda que os turistas estrangeiros que estão vindo ao Brasil aproveitam a valorização do dólar frente ao real, o que torna a viagem mais barata. Além disso, ele aponta que o mês de junho para muitos países, principalmente os europeus, é período de férias prolongadas.
Apesar de ainda estar aquém do pré-pandemia, o diretor celebrou os resultados.
“A grande mensagem é que o pior passou. A economia mundial está se reestruturando a uma nova situação. As companhias ainda estão endividadas, e ainda vai demorar um tempo até que a situação se normalize. Mas já enxergamos um cenário positivo e melhorias para o futuro”.
Voos internos
Já no mercado doméstico, a oferta de voos apresentou, pelo segundo mês seguido, indicadores melhores dos observados no período pré-pandêmico.
Em junho deste ano, a oferta foi 0,5% maior do que em junho de 2019 e 45,8% mais elevada do que em junho do ano passado.
Em relação à demanda de passageiros, foi constatado um crescimento de 36,2% na comparação com junho de 2021. Porém, houve retração de 7,1% se comparado com o mês de junho de 2019.
Recorde de cargas
No transporte de cargas internacionais por transporte aéreo, junho bateu o recorde da série histórica (iniciada em 2000) em relação ao volume.
Foram transportadas 83 mil toneladas de cargas. Na comparação com junho de 2019, houve alta de 25,5% neste volume e de 5,5% na comparação com junho do ano passado.
Segundo a Anac, isso indica a tendência de recuperação do setor após a economia global ter sido impactada pela pandemia.
Segundo Ruy Amparo, esse número recorde reflete os impactos dos fatores externos, principalmente da guerra na Ucrânia, no frete marítimo.
“O preço do frete marítimo ainda não está normalizado. Houve aumentos significativos. Transportar por avião sempre foi mais caro do que por navio. Normalmente cargas com alto valor agregado vem de avião, por ser mais rápido e ter prazo de validade curto, e cargas que tem menor urgência vem de navio. Porém, com o cenário atual, muitas coisas que vinham de navio estão vindo de avião, como, por exemplo, peças de automóveis”, pontua.
A Anac também divulgou os números sobre a movimentação nos aeroportos do país. Em junho, mais de 6 milhões de pessoas transitaram pelos terminais. Este foi o maior número para um mês de junho desde 2020. Na comparação com maio deste ano, houve aumento na movimentação de 43%, e redução de 13,2% se comparado com junho de 2019.