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Desdolarização é discurso que incomoda os EUA, diz Skaf à CNN

Presidente eleito da Fiesp pondera que país precisa mudar postura com norte-americanos

João Nakamura, da CNN, em São Paulo
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A discussão sobre desdolarização é uma "bobagem" e um "discurso que só serve para incomodar os americanos", afirmou o presidente eleito da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) Paulo Skaf em entrevista ao CNN 360º nesta terça-feira (5).

"Essa história da desdolarização é uma bobagem. [...] O dólar é uma moeda global e quem mexe com comércio exterior não tem nem como deixar de operar em dólar. É um discurso que só serve para incomodar os americanos, e o presidente [Donald] Trump ameaçou os países do Brics", ponderou.

O que é discutido pelo grupo de emergentes é a construção de um sistema financeiro internacional mais inclusivo e adaptado à realidade das economias em desenvolvimento, não as expondo ao acúmulo de dívidas como ocorre hoje.

Além disso, vem sendo discutido na pauta do Brics a consolidação de uma moeda alternativa nos negócios transfronteiriços realizados entre si.

O presidente norte-americano chegou a ameaçar que aplicaria uma tarifa de 100% contra os membros do grupo caso seguissem com essas discussões.

No começo de julho, o Brasil presidiu e recebeu a Cúpula de Líderes do Brics no Rio de Janeiro. Na ocasião, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pediu por um "novo sistema financeiro no mundo" e criticou as ameaças de Trump.

"Se a gente quiser criar alguma coisa nova no mundo, a gente vai ter que criar novos paradigmas de participação e não pode repetir os mesmos erros. A gente não quer mudança no FMI [Fundo Monetário Internacional] porque eu não gosto do FMI, a gente quer mudança para o FMI ser um banco de investimento para atender a necessidade dos países mais pobres", afirmou Lula durante a reunião.

Por outro lado, a avaliação de Skaf é de que o Brasil deveria adotar uma postura diferente com os EUA, a fim de manter a boa relação com os norte-americanos e conseguir que seja ainda mais atenuado o tarifaço de Trump.

Nesta quarta-feira (6), deve entrar em vigor uma alíquota de 50% contra os importados brasileiros.

"Seja pela diplomacia, seja pelas relações empresariais, de qualquer forma, a melhor solução seria um recuo dos americanos em relação a essa alíquota de 50%, atenuando essa situação. Se não, nós vamos ter, sem dúvida, prejuízo [...] em alguns setores", pontuou o presidente eleito da Fiesp.

"Tem que se encontrar uma solução, mas acima de tudo mudar a atitude em relação aos Estados Unidos, que é um mercado muito importante. [...] Vender commodities é necessário, mas o ideal é vender manufatura, e o cliente grande de manufatura são os Estados Unidos", concluiu.

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