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Disparada do dólar é reação desproporcional que se autoalimenta, diz El-Erian

Divisa encerrou a sessão desta terça-feira (18) a R$ 6,26, renovando a máxima histórica pelo segundo dia seguido

Gabriel Bosa, São Paulo
Alta do dólar foi alimentada nas últimas semanas pela descrença do mercado com o pacote fiscal apresentado pelo governo federal  • 14/11/2014 REUTERS/Gary Cameron
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A disparada do dólar no Brasil a patamares inéditos desde a criação do Plano Real, em 1994, é resultado de uma reação desproporcional do mercado, que se autoalimenta, disse o economista Mohamed A. El-Erian, presidente da Queens' College, da Universidade de Cambridge.

A divisa norte-americana encerrou a sessão desta terça-feira (18) com alta de 2,78%, negociada a R$ 6,26, no segundo dia seguido de máxima histórica.

Em postagem na rede social X, o economista norte-americano pontou que o Brasil passa por uma experiência de "overshooting", expressão no mercado financeiro para desvalorização desproporcional e descolada dos fundamentos da economia.

"Os mercados locais brasileiros estão passando por um daqueles overshoots à moda antiga de países emergentes, em que um gatilho fundamental se combina com maus indicadores técnicos para causar uma venda que se autoalimenta", escreveu.

Segundo El-Erian, a disputa do cenário está dividida entre circuit breakers — mecanismo que força a parada do mercado em períodos de grande volatilidade —, e a contaminação de fundamentos técnicos.

A alta do dólar foi alimentada nas últimas semanas pela descrença do mercado com o pacote fiscal apresentado pelo governo federal, no fim de novembro.

Desde então, a moeda escalou para patamares inéditos acima de R$ 6, contribuindo para a piora das expectativas dos agentes para a inflação deste ano e dos próximos, além da revisão para cima da taxa de juros.

A disparada ganhou força nesta semana com a tramitação das medidas no Congresso e o temor de que os textos sejam desidratados, reduzindo a capacidade de conter o aumento dos gastos e o alcance das metas fiscais propostas pela própria equipe econômica.

Desde então, o Banco Central (BC) realizou uma série de leilões, de venda ou recompra, para aumentar a liquidez do mercado.

A situação se agravou nesta terça após o Federal Reserve (Fed) cortar os juros nos Estados Unidos em 0,25 ponto e indicar a desaceleração do ritmo de queda a partir do ano que vem.

Em coletiva após o anúncio, o chair do Fed, Jerome Powell, ressaltou que a autoridade monetária vê incertezas para riscos de alta da inflação em 2025.

“Os cortes mais lentos para o próximo ano refletem os resultados de inflação mais altos que tivemos neste ano e as expectativas e incerteza sobre os preços para o futuro”, disse Powell.

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