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    Dona da Starbucks, TGI Friday’s e Eataly no Brasil pede recuperação judicial

    Dívida soma R$ 1,8 bilhão e empresa cita endividamento, pandemia e falta de crédito como razões da crise

    Fernando Nakagawada CNN , São Paulo

    A empresa que opera as marcas Starbucks, TGI Friday’s e Eataly no Brasil pediu recuperação judicial.

    Com uma dívida que soma R$ 1,8 bilhão, a SouthRock Capital entregou documentos à Justiça de São Paulo com o pedido de proteção para que possa renegociar dívidas e continuar a operação.

    Na documentação entregue à Justiça, os advogados da empresa dizem que as dívidas crescentes e os prejuízos gerados desde a pandemia resultaram em restrição no acesso ao crédito, o que impede a operação normal da empresa.

    “O excesso de endividamento, a baixa lucratividade decorrente do fechamento de seus restaurantes por diversos meses em função da Covid-19 e impossibilidade de obtenção de novas linhas de crédito comprometeram a capacidade de as requerentes honrarem seus compromissos financeiros”, cita o documento.

    A SouthRock é representada pela TWK Advogados.

    A empresa é a licenciada master da Starbucks no Brasil, onde opera 187 lojas próprias.

    Também é o franqueado master do TGI Friday’s, restaurante casual com quatro lojas próprias no Brasil.

    Além desses, a SouthRock opera o Eataly Brasil, centro gastronômico italiano localizado em São Paulo.

    A empresa também opera outros 25 restaurantes nos aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Florianópolis.

    Causas da crise

    A combinação de uma dívida elevada com prejuízos financeiros gerou uma situação em que a operação da empresa ficaria inviável no curto prazo, especialmente diante do tipo de empréstimo que a dona da Starbucks no Brasil realizou nos últimos anos.

    Cerca de 80% da dívida da SouthRock é respaldada por recebíveis das receitas dos restaurantes. Ou seja, os bancos emprestaram com a garantia de que os restaurantes gerariam receita suficiente para pagar a operação – o que não se concretizou.

    Nesse tipo de operação, os bancos podem reter os recebíveis – como pagamentos em cartão de crédito nos restaurantes – para pagar automaticamente o empréstimo.

    Se isso acontecesse, a operação do grupo seria inviabilizada porque não sobraria dinheiro para pagar funcionários e fornecedores, de acordo com os advogados da SouthRock.

    “Na hipótese de efetivação das retenções dos recebíveis que foram objeto de garantia fiduciária, portanto, as requerentes teriam a totalidade de sua receita bruta retida e indisponível, impossibilitando qualquer chance de sua recuperação.”

    Ao mesmo tempo, os advogados citam que o grupo tem enfrentado “sérias restrições” para obter capital de giro no sistema bancário, “o que acaba por prejudicar o regular prosseguimento de suas atividades e, também, de seus fornecedores e colaboradores”.

    A SouthRock informa que “segue operando a marca Starbucks no Brasil” e está “comprometida em continuar trabalhando em estreita colaboração com seus parceiros comerciais para desenvolver as marcas do seu portfólio no Brasil”. Em nota à CNN, a empresa diz que “alinhamentos sobre licenças fazem parte do processo de recuperação judicial e são realizados diretamente com esses parceiros”.

    No pedido de recuperação judicial, porém, a empresa diz que “a notificação de rescisão (de licenciamento) foi recebida pelas requerentes com absoluta surpresa, uma vez que a relação e as tratativas mantidas entre as partes até então jamais haviam indicado que existiria a possibilidade de rescisão imediata dos Acordos de Licença Starbucks”.

    Veja também: Em janeiro de 2023, falências de empresas cresceram em 56,5%

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