Economia dos EUA teve avanço acelerado em 2021, mas momento já é outro
Apesar do resultado forte no ano passado, os primeiros meses de 2022 podem ser bem diferentes, com avanço da Ômicron, da inflação e com nova política do Fed
A recuperação econômica dos EUA das profundezas da pandemia de Covid-19 continuou forte no ano passado.
O Produto Interno Bruto americano – a medida mais ampla da atividade econômica – cresceu 5,7% no ano passado, o ritmo mais rápido desde 1984, quando Ronald Reagan estava na Casa Branca, informou o Bureau of Economic Analysis na quinta-feira (27).
A atividade dos últimos três meses de 2021 foi muito melhor do que os economistas haviam previsto: o PIB cresceu a uma taxa anualizada de 6,9% no quarto trimestre.
Foi um aumento substancial em relação ao terceiro trimestre, quando a variante Delta colocou um freio na economia, levando o PIB daquele período a crescer a um ritmo anualizado de apenas 2,3%.
Na verdade, foi o melhor desempenho trimestral desde o terceiro trimestre de 2020, quando o boom inicial de reabertura impulsionou o crescimento econômico.
Alto crescimento, alta inflação
Mas não foi apenas a taxa de crescimento que saltou no ano passado. O caos na cadeia de suprimentos, a escassez de trabalhadores e o avanço acentuado da demanda também levaram os preços a subir rapidamente.
Para 2021, o índice de preços das despesas de consumo pessoal – uma medida-chave da inflação no país – subiu 3,9%, o maior aumento desde 1990.
No quarto trimestre, a inflação do PCE foi de 6,5%, o maior salto desde o terceiro trimestre de 1981.
Ômicron
Por mais forte que tenha sido o final de 2021, os primeiros meses deste ano podem parecer bastante diferentes.
A variante Ômicron do coronavírus, que chegou aos EUA no final de novembro, disparou as infecções e fez com que as empresas lutassem enquanto os trabalhadores ficavam em casa para se recuperar. Mas grande parte desse impacto foi confinado ao final de dezembro e em janeiro.
“A variante Ômicron quase certamente diminuiu o crescimento durante o último mês do ano e está claramente cobrando um preço poderoso na atividade econômica geral no primeiro trimestre de 2022”, diz Joe Brusuelas, economista-chefe da RSM US.
Além disso, o estímulo pandêmico que ainda sustentava a economia no ano passado está chegando ao fim. O Federal Reserve disse na quarta-feira que planeja reverter suas compras mensais de ativos no início de março e sinalizou que aumentaria as taxas de juros logo depois para conter a inflação.
As políticas de Washington mudaram e isso significa que um crescimento mais lento está vindo em nossa direção.
“Embora tenhamos chegado ao fim da política fiscal e monetária da era da pandemia, a pandemia ainda não acabou”, acrescentou Brusuelas.