Entenda por que o dólar está caindo após o anúncio de Trump sobre tarifas

Moeda americana recua perante os pares em razão das consequências esperadas a partir da nova política tarifária dos Estados Unidos

Fabrício Julião, da CNN, em São Paulo
Nota de 100 dólares
Nota de 100 dólares  • 17/12/2009 REUTERS/Sam Mircovich
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O dólar registrou queda diante do real e de outras moedas no mundo nesta quinta-feira (3), em reflexo do anúncio de Donald Trump sobre as tarifas recíprocas que serão aplicadas pelos Estados Unidos.

A divisa encerrou as negociações em baixa de 1,18% ante a divisa brasileira, a R$ 5,6290.

A desvalorização da moeda americana é explicada pelo receio crescente de uma recessão nos EUA e o efeito-dominó que uma retração na maior economia do mundo ocasiona no resto do globo.

Neste cenário, especialistas disseram à CNN que a tendência é que os investidores troquem seus ativos cambiais de segurança em um primeiro momento.

"Em função da possibilidade de recessão, os investidores passam a buscar segurança em outras moedas e ativos, como o iene e o ouro", disse Jefferson Rugik, diretor de câmbio da Correpatti Corretora.

No resto do mundo, o desempenho da moeda americano também era de queda. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar norte-americano frente a uma cesta de divisas globais, apresentou perdas de 1,63% aos 102,11 pontos.

Segundo Julio Netto, economista-chefe da Mirae Asset, o real pode obter vantagem diante de outros pares com a alteração no fluxo das transações comerciais. "O efeito nas exportações brasileiras tende a ser negativo em termos absolutos, mas o reflexo de uma possível guerra comercial poderia ser positivo ao Brasil", declarou.

O Brasil figura entre os países taxados em 10% pelos Estados Unidos, o mínimo anunciado por Trump na quarta-feira (2). Ainda que o percentual seja maior que as cobranças vigentes, o país pode ser visto como uma opção para importação de outros países, caso haja retaliação aos americanos.

A XP destaca que o Brasil se beneficiou com a intensificação de uma guerra comercial entre EUA e China entre 2018 a 2020, por conta da migração da demanda chinesa por commodities.

"As tarifas impostas ao Brasil foram menos severas em comparação com outros países. Isso pode posicionar o Brasil como menos exposto ao risco tarifário, beneficiando-se de uma contínua rotação de fluxos de capital para fora dos EUA", diz no relatório.

Os especialistas ressaltam ainda ser cedo para avaliar o potencial câmbio daqui para frente. Embora no momento a tese de recessão puxe o dólar para baixo, a expectativa de juros altos por mais tempo sem que haja um traumatismo tão grande pode levar a investimentos nos EUA, o que leva à valorização da moeda americana.

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