Entenda por que o FGC é uma garantia ao investidor mesmo sem cobrir todo sistema

Recursos do fundo são usados para socorros pontuais; especialistas afastam risco de quebradeira generalizada do sistema financeiro

Vinícius Silva, colaboração para o CNN Brasil Business, em São Paulo
Notas de Cem reais
Em junho de 2021, o saldo do FGC era capaz de cobrir 2,04% dos depósitos elegíveis  • José Cruz/Agência Brasil
Compartilhar matéria

Apresentado como uma garantia dos valores em instituições financeiras do país, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) não tem capacidade de honrar todos os depósitos.

Ainda assim, especialistas ouvidos pelo CNN Business buscam tranquilizar os investidores. Isso porque, segundo eles, a probabilidade de uma quebradeira generalizada do sistema é mínima.

Em junho de 2021, o saldo do FGC era capaz de cobrir 2,04% dos depósitos elegíveis, como aplicações em poupança, CDBs e LCI/LCA. Apesar do índice baixo, o professor de economia da FAAP, Johnny Mendes, descarta o risco de o investidor ficar sem a proteção.

“Considerar que todos os bancos poderiam quebrar e que o FGC não suportaria essa quebradeira não parece factível. Não  há esse risco no Brasil. Nem mesmo a crise de 2008/2009, que foi efetivamente uma crise causada por liquidez bancária, quebrou o FGC. Então podemos ter convicção que o FGC não irá quebrar”, diz Mendes.

Como funciona o fundo

Fundado em 1995, o FGC é uma entidade privada, sem fins lucrativos, cujas reservas financeiras visam a proteger o sistema de quebras inesperadas —no caso, dos próprios bancos que fazem parte do fundo.

De acordo com o diretor-executivo do FGC, Daniel Lima, o patrimônio atual segue as diretrizes internacionais e, dessa forma, consegue oferecer uma proteção ao sistema.

“O FGC tem a missão de proteger depositantes e investidores, e contribuir para a manutenção da estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Logo, é importante contar com um patrimônio forte e é o que apresentamos neste relatório. Somos projetados para eventos severos e o nível de recursos mantidos no fundo é fruto de uma modelagem que é constantemente revista e discutida”, afirmou, em nota, o diretor-executivo do FGC, Daniel Lima.

Nos últimos anos, o FGC cobriu quebras pontuais. A última cobertura ocorreu no primeiro semestre de 2021, quando o FGC efetuou o pagamento de R$ 119 milhões em garantias após a liquidação da Companhia Hipotecária Brasileira (CHB).

A CHB tinha cerca de 2 mil credores, dos quais quase 90% já receberam o pagamento, totalizando o valor de R$ 105 milhões.

Como no caso da CHB, o FGC busca cobrir casos pontuais de problemas no sistema financeiro, dado que uma quebra generalizada é considerada pouco provável.

“Seria algo muito hipotético. Seria necessário uma quebra ao mesmo tempo de muitos bancos. Quando eu digo muitos bancos, seria necessária a quebra de mais de 50% dos bancos. Algo possível, mas com baixa probabilidade”, afirmou Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.

Acompanhe Economia nas Redes Sociais