Entrada do Brasil na OCDE depende de decisões e alinhamentos políticos, diz secretária da Fazenda

Grupo interministerial foi criado para assessorar governo em trâmites de adesão

Cristiane Noberto, da CNN, São Paulo
Sigla em inglês da OCDE
Sigla em inglês da OCDE  • OCDE/Divulgação
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A secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, afirmou nesta segunda-feira (18), que o governo avalia a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo ela, o processo ainda depende de “decisões e alinhamentos políticos”.

Em coletiva de imprensa para detalhar o relatório econômico de 2023 feito pela Organização e divulgado nesta segunda, Rosito afirmou que um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), encabeçado pelo Ministério das Relações Exteriores, foi “recriado” com a função de assessorar o governo brasileiro nas políticas da OCDE.

De acordo com ela, não compete ao GTI decidir sobre a ascensão do Brasil no bloco, mas que é uma base de apoio para as decisões do governo para “além das áreas técnicas” na adesão ao bloco.

"Desde o início do ano, o governo está realizando avaliações. O memorando de ascensão é bastante amplo, são mais de mil páginas, diversas áreas que envolvem mudanças ainda bastante grandes de legislação, embora a maior parte já tenha sido incorporado.", disse.

"Para além disso, envolve cada vez mais decisões e alinhamentos políticos. Então, eu acho que, no curso do tempo, o grupo vai apoiar esse esforço de avaliação do governo que vai para além das áreas técnicas".

Nesta segunda-feira, a Organização lançou um relatório sobre a economia do Brasil em 2023, com projeções para o próximo ano. No documento, a OCDE projetou o crescimento econômico do Brasil em 1,8% e inflação em 3,2% em 2024.

O bloco também contraria as projeções da Fazenda e vê déficit de 0,5% em 2024, além de alta da dívida pública, podendo atingir até 100% em 2037 caso as medidas propostas pela Fazenda não sejam totalmente aplicadas.

Tatiana Rosito afirmou, no entanto, que o relatório divulgado “tem praticamente nenhuma relação com o processo de ascensão” do Brasil à OCDE.

O pedido de adesão à OCDE foi enviado em 2017 pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e era uma das principais bandeiras do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No entanto, desde que assumiu, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deu continuidade ao processo de entrada e o Brasil ainda precisa se enquadrar em várias das 230 exigências para adentrar ao bloco.

O grupo “dos países mais ricos do mundo” é formado por 38 membros com maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do planeta. Estados Unidos, Reino Unido e Japão, bem como Chile, México e Costa Rica, são alguns que integram atualmente a organização.

Para um país se tornar membro há um longo trâmite, sem prazo fechado, que envolve desde avaliação das condições políticas, econômicas e sociais do país até eventuais necessidades de ajustes nas leis locais. O processo até a admissão formal pode demorar de três a cinco anos.

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