Equidade de gênero nas empresas
É preciso ir muito além de workshops e palestras para que as Companhias definitivamente avancem no tema.
A discussão parece atual, mas é antiga. Quantas vezes eu, você, todos nós já ouvimos que as mulheres precisam ter as mesmas oportunidades que os homens dentro e fora das companhias?
E mulheres em cargos de liderança? Muitas empresas, felizmente começaram um movimento sério, eu digo sério porque estipularam metas reais para ter mais mulheres tomando decisões importantes sobre o futuro do negócio.
Mas, mais que uma meta a ser perseguida as companhias precisam olhar para sua estrutura interna para que as mudanças ocorram.
Quem precisou rever os processos internos foi a multinacional britânica Unilever.
“Não dá para colocar uma meta se você não fizer uma revisão de como se seleciona as pessoas. Não dá para firmar um objetivo se você não fizer uma análise sobre como está promovendo os funcionários. Não dá para alcançar metas estabelecidas se você não gerar conhecimento nas pessoas, que até então são responsáveis por fazer gestão de pessoas”, explica a diretora de desenvolvimento organizacional e cultural da Unilever, Ana Franzoti.
Há dez anos eles começaram uma jornada para tentar equiparar as mulheres em cargos de confiança.
A empresa precisou ser dura em alguns pontos do processo para garantir que iriam conseguir atingir o propósito estipulado.
“Tinha líder que para quebrar realmente as barreiras ele falava: ‘olha, aqui na minha área só vai ser promovida mulher’, e isso gerava um super desconforto tanto nas mulheres que falavam ‘eu não quero ser promovida só porque sou mulher’ e nos homens também, mas essas batidas de cabeça foram importantes para provocar uma reflexão interna de que realmente para mudar você precisa olhar para si, e a liderança também”, explica.
Com foco nas ações internas o esforço deu resultado, e já em 2018, o quadro de mulheres no comando da Unilever chegou a 53%. Agora, um novo desafio – olhar para o perfil dessas mulheres e garantir um time diverso.
“O mundo há quatro, cinco anos atrás em termos da discussão de diversidade e inclusão era um. Hoje o mundo é outro. Se você nunca fez nada já trabalha em interseccionalidade desde o princípio. Não faz um e depois o outro e depois o outro. A gente acabou fazendo isso porque era o momento do mundo”, indaga.
Felizmente o tempo é outro, mas ainda com muitos desafios pela frente. E quando a empresa entende que ações como essas não mexem apenas com os pilares organizacionais, isso agrega um maior valor a marca.
“Não adianta só a gente olhar para dentro. O terceiro pilar que eu acho que conversa um pouco é marketing. É marca. Como é que eu levo também essa representatividade para nossas marcas? Que daí vai para o consumidor”, conta
Consultorias como pilar da diversidade e inclusão dentro das empresas
O primeiro passo tomado por muitas empresas para atingir metas de equidade de gênero é o contato com as consultorias. Para a gestora executiva do Movimento Mulher 360 Margareth Goldenberg, a orientação para os líderes é sempre questionar e observar o ambiente corporativo. “Qual é o papel da empresa nessa temática da equidade? O quanto esse tema é central na pauta estratégica da organização? E não para por aí, devemos perguntar também como os líderes estão envolvidos com esse tema”, afirma.
O Mulher 360 é um movimento empresarial sem fins lucrativos que atua em 100 empresas associadas. Com foco em oferecer orientação de como direcionar poder às mulheres no mercado de trabalho e na comunidade.
“Dar oportunidades para pessoas entrarem e se desenvolverem é uma questão de justiça social e de direitos humanos. A Organização Internacional do Trabalho tem uma série de convenções para eliminar discriminações e oportunidades desiguais em relação a gênero e outros grupos sociais”, observa.
O MM360 consiste em 7 Princípios de Empoderamento das Mulheres como conceito para atividades e conteúdos programáticos, alguns deles são: Educação e Formação, Igualdade de Oportunidade, Inclusão e a Não Discriminação, entre outros.
“Está mais que comprovado que as empresas com equidade de gênero, com diversidade de todos os grupos sociais, sejam mulheres brancas, negras, lésbicas, trans, cis, com deficiência, jovens, enfim. Quando temos esse ‘mix’ e esse equilíbrio de gênero em todos os níveis, em todos os cargos, tudo isso torna o ambiente mais inclusivo, seguro e com melhores resultados de negócio”, conclui.