FAB recebe quatro primeiros caças F-39 Gripen da sueca Saab
Primeiro lote com quatro aeronaves foi recebido pelo Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Baptista Júnior, em evento realizado na Suécia
A Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu nesta quarta-feira (24) os quatro primeiros aviões de caça F-39E Gripen de produção em série em cerimônia realizada em Linköping, na Suécia, na sede da Saab, fabricante do jato de combate. Ao todo, a FAB encomendou 36 aeronaves.
“É uma satisfação acompanhar o cumprimento de mais essa etapa no processo de entrega das aeronaves F-39 Gripen, as quais permitirão a evolução da capacidade de combate da FAB”, disse o Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Júnior, Comandante de Aeronáutica, que acompanhou a entrega dos caças.
“O projeto representa um novo patamar tecnológico para o Brasil e tem fundamental importância no desenvolvimento da nossa Base Industrial de Defesa.”
O evento também marcou a entrega dos dois primeiros JAS 39 E Gripen (designição do Gripen na Suécia) produzidos em série para a Força Aérea da Suécia. “Isso mostra que temos um produto maduro e que estamos cumprindo nossas obrigações contratuais”, disse Micael Johansson, presidente da Saab.
Outra novidade apresentada na cerimônia foi o simulador de voo do Gripen, que servirá para o treinamento de pilotos militares brasileiros e suecos.
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Caças F-39 Gripen, da sueca Saab • SaabDivulgação
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FAB recebe os quatro primeiros caças F-39E Gripen, da Saab, na Suécia • SaabDivulgação
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FAB recebe os quatro primeiros caças F-39E Gripen, da Saab, na Suécia • SaabDivulgação
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Projeto de 2006
A entrega dos primeiros Gripen de série à FAB é a concretização do Projeto FX-2, iniciado em 2006 durante o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em substituição ao programa anterior, denominado Projeto FX.
Após mais de dez anos de discussão, em 2013 o governo brasileiro, durante a administração de Dilma Rousseff, optou pela compra do caça sueco, preterindo os modelos Boeing F/A-18E/F Super Hornet, dos Estados Unidos, e o Dassault Rafale, da França.
O contrato de compra das novas aeronaves da FAB é avaliado em 39,6 bilhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 24,1 bilhões na cotação atual. O negócio também inclui a transferência de tecnologia do jato sueco para o Brasil, que terá a licença para a produzir a aeronave.
Quase a metade dos jatos encomendados (nas versões E e F, para um e dois pilotos, respectivamente) será finalizada na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto (SP), onde um modelo de teste (e não de série) do Gripen vem sendo testado desde o último trimestre de 2020.
Nem a FAB, nem a Saab ainda divulgaram uma data para a chegada dos Gripen de série ao Brasil. Espera-se que os aviões desembarquem no país até o fim deste ano, transportados de navio.
Os primeiros F-39E serão empregados pelo 1° Grupo de Defesa Aérea da FAB, baseado em Anápolis (GO), iniciando a substituição dos caças Northrop F-5 Tiger II, em serviço no Brasil há 46 anos. Mais adiante, o jato sueco também ocupará a vaga do caça-bombardeiro A-1 (Embraer AMX).
A entrega dos 36 caças encomendados pela FAB, incluindo os Gripen que serão produzidos no Brasil, deve ser concluída em 2024.
Caça multifunção
De acordo com a Saab, o Gripen E/F é um avião que pode ser empregado em diversas funções, além das tradicionais missões de combate aéreo.
“Significa que [o Gripen] pode cobrir uma ampla gama de requisitos de missão, poupando os clientes dos custos de ter que comprar aviões dedicados ao ataque ao solo e à superioridade aérea separadamente”, explica a empresa sueca.
Na prática, isso significa que o Gripen pode desempenhar, simultaneamente, missões ar-ar para interceptar e neutralizar aeronaves, ar-terra para destruir veículos, navios e instalações militares inimigas, e de reconhecimento, nas quais identifica ameaças e patrulha fronteiras.
Outra função da aeronave é atuar em operações de guerra eletrônica, interferindo em sensores e mísseis inimigos.
O Gripen também é um dos caças mais rápidos da atualidade, capaz de voar a 2.448 quilômetros por hora (mais de duas vezes a velocidade do som).
A autonomia da aeronave fica em torno de 1.500 quilômetros, com opção de ampliar o alcance com reabastecimento aéreo, tarefa que, no Brasil, será realizada com o auxílio dos KC-390 da FAB.
Os armamentos e equipamentos de reconhecimento compatíveis com o novo Gripen também colocarão a FAB num novo patamar tecnológico e de combate. O jato pode ser equipado, por exemplo, com bombas guiadas a laser, mísseis de longo alcance, armamentos antinavio e sensores de última geração.
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