Foxconn pede desculpa a trabalhadores na China por erro em pagamento
Pedido veio depois que unidade foi chacoalhada por protestos
A Foxconn, uma fornecedora da Apple, disse nesta quinta-feira (24) que ocorreu um “erro técnico” relacionado ao pagamento de funcionários na maior fábrica de iPhones do mundo, na China, e pediu desculpas aos trabalhadores depois que a unidade foi chacoalhada por protestos.
Homens quebraram câmeras de vigilância e entraram em confronto com o pessoal de segurança na quarta-feira, enquanto centenas de trabalhadores protestavam na fábrica na cidade de Zhengzhou. As raras cenas de dissidência pública na China foram provocadas por reclamações de pagamentos atrasados e frustração com as severas restrições de Covid-19.
Em vídeos que circularam nas mídias sociais, os trabalhadores disseram ter sido informados de que a empresa pretendia atrasar o pagamento de bônus. Alguns também reclamaram que foram forçados a dividir dormitórios com colegas que testaram positivo para Covid-19.
“Nossa equipe está investigando o assunto e descobriu que ocorreu um erro técnico durante o processo de integração”, disse a Foxconn em comunicado, referindo-se à contratação de novos funcionários.
“Pedimos desculpas por um erro de admissão no sistema de computador e garantimos que o pagamento real é o mesmo acordado nos cartazes oficiais de recrutamento”, sem dar mais detalhes.
O pedido de desculpas foi uma reviravolta em relação ao dia anterior, quando a Foxconn disse que havia cumprido seus contratos de pagamento. A fábrica emprega mais de 200 mil trabalhadores e produz dispositivos, incluindo iPhones 14 Pro e Pro Max. A planta fabrica cerca de 70% dos iPhones globalmente.
As revoltas de maior magnitude diminuíram e a empresa está se comunicando com funcionários envolvidos em protestos menores, disse à Reuters uma fonte da Foxconn familiarizada com o assunto nesta quinta-feira.
A empresa realizou “acordos iniciais” com os funcionários para resolver a disputa, enquanto a produção na fábrica continuava, afirmou a fonte.
A empresa taiwanesa disse que respeitará os desejos dos novos funcionários que quisessem se demitir e deixar a instalação da fábrica e oferecerá a eles “subsídios de assistência”. Esses subsídios totalizam 10 mil yuans (US$ 1.400) por trabalhador, segundo a fonte.
A Apple disse que tinha funcionários na fábrica e estava “trabalhando em estreita colaboração com a Foxconn para garantir que as preocupações de seus trabalhadores sejam atendidas”.
Vários acionistas ativistas disseram à Reuters que os protestos mostraram os riscos que a Apple enfrenta devido à sua dependência da fabricação na China.
“A extrema dependência da Apple da China, tanto como mercado (consumidor) quanto como local de fabricação primária, é uma situação muito arriscada”, disse Christina O’Connell, gerente sênior da SumOfUs, um grupo de responsabilidade corporativa sem fins lucrativos.