Expectativa é que a rede de linhas de transmissão cresça 19% no período • Ueslei Marcelino/Reuters
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O governo estima que a capacidade instalada para geração de energia elétrica aumentará 37% nos próximos dez anos, alcançando 275 gigawatts (GW) em 2031, com as fontes eólica e solar ganhando espaço na matriz enquanto a hídrica terá sua fatia reduzida a menos de 50%.
As informações constam na minuta do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2031, que foi colocada em consulta pública nesta segunda-feira (24).
O documento elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê que o parque gerador nacional passará dos atuais 200 GW para 275 GW em 2031.
Um dos principais destaques é a geração distribuída de energia - pequenas usinas para geração própria, normalmente solares, instaladas em telhados ou terrenos. Essa modalidade deverá atingir 37 GW em dez anos (ante 8 GW atuais), chegando a 14% da capacidade instalada total, segundo o PDE 2031.
Já no caso das hidrelétricas, que sofreram no ano passado com o pior nível de chuvas em 90 anos, a expectativa é de que sua participação relativa na matriz continue caindo. Em 2031, as hidrelétricas devem representar 45% da capacidade instalada total do país, contra 58% em 2021 e 83% no início dos anos 2000.
O governo prevê ainda um aumento de 12 GW da oferta de térmicas não renováveis, que podem ser movidas a gás natural, carvão mineral, óleos combustível e diesel e gás industrial. A expectativa é de que esse grupo de usinas some 35 GW em 2031.
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• Getty Images
A energia hidráulica é gerada a partir da água de rios, quando ela movimenta uma turbina. Em geral, ela é produzida nas chamadas usinas hidrelétricas. As usinas podem ser de dois tipos: as com reservatório (como a de Itaipu) e as de fio d'água, que não possuem reservatório e o volume depende do regime de chuvas (como a de Belo Monte)
• Washington Alves/Reuters
No caso da energia eólica, a produção ocorre quando o vento move pás de grandes turbinas. As mais comuns são as turbinas onshore - em solo - mas já existem também as offshore, localizadas em mares e oceanos
• Foto: Laurel and Michael Evans / Unsplash
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A energia solar é dividida em dois tipos: a fotovoltaica (mais comum) e a heliotérmica. Na fotovoltaica, a luz solar incide em painéis, ou placas, que conseguem converter o calor em energia. Já nas heliotérmica, o sol incide em espelhos que direcionam a luz para um ponto com água. A água vira vapor, que, então, gira uma turbina e gera eletricidade
• Amanda Perobelli/Reuters
A energia oceânica pode ser gerada a partir de diversas formas, mas sempre nos oceanos. É possível gerar energia a partir do movimento das ondas, pela variação de temperatura entre a superfície e o fundo do mar, pelas correntes oceânicas, por um processo de osmose entre a água salgada e a doce ou pelo movimento das marés. As ondas e marés são, hoje, as principais formas, com a ideia de usá-las para mover turbinas e, então, gerar energia
• Picasa/Coppe-UFRJ/Divulgação
Ainda mais no campo das ideias do que com uso prático, o chamado hidrogênio verde é uma energia renovável que deve ganhar força nos próximos anos, como substituto de combustíveis fósseis nos setores de transporte e indústria. Produzido a partir da água, ele é colocado em células, que realizam um processo químico que gera energia e produz vapor d'água
• Getty Images/Santiago Urquijo
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A biomassa, termo que se refere a qualquer tipo de matéria orgânica, pode ser usada na geração de energia. É possível aproveitar os gases gerados na decomposição dessa matéria, como no caso do lixo orgânico, como fonte de energia, ou então queimar a biomassa, usá-la para aquecer a água e usar o vapor para mover turbinas, gerando eletricidade. No Brasil, a principal biomassa usada como fonte elétrica é o bagaço de cana-de-açúcar
• Marcelo Teixeira/Reuters
A energia renovável geotérmica é a mais distante da realidade brasileira. Isso acontece porque, nesse tipo, a energia é gerada a partir do uso de água quente e vapor localizados no subsolo de áreas vulcânicas ou de encontro de placas tectônicas, que, então, passam por um gerador e são convertidas em energia elétrica
• Getty Images/ Brian Bumby
Transmissão
O PDE 2031 também trouxe estimativas de crescimento da transmissão de energia elétrica. A expectativa é que a rede de linhas de transmissão cresça 19% no período, passando a ter uma extensão total de 209 mil quilômetros. Também estima-se aumento de 28% na capacidade de transformação de subestações.
Investimentos
Em termos de investimentos, a expansão de oferta elétrica deverá exigir aportes de R$ 528 bilhões até 2031, segundo cálculos do governo.
Desse total, espera-se que a geração centralizada atraia R$ 292 bilhões, enquanto a geração distribuída demandará R$ 135 bilhões. Outros R$ 101 bilhões deverão ser destinados ao segmento de transmissão.
O cenário de referência do governo para o PDE 2031 prevê um crescimento médio de 3,4% ao ano da carga de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) até 2031. A perspectiva para o PIB brasileiro é de crescimento médio anual de 2,9% no mesmo horizonte.