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Governo quer "mix" de medidas estruturais e pontuais para compensar IOF

Equipe econômica vê janela para avançar com medidas estruturais, mas avalia que estas ações tem potencial limitado para resolver Orçamento de 2025

Danilo Moliterno, da CNN, em Brasília
Palácio do Planalto e Congresso Nacional, em Brasília
Palácio do Planalto e Congresso Nacional, em Brasília  • REUTERS
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O governo federal deseja viabilizar um “mix” de medidas “estruturais” e “pontuais” como alternativa ao pacote de elevação Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), disseram fontes da equipe econômica à CNN.

Um pacote alternativo foi discutido entre membros do Executivo e do Legislativo no Palácio da Alvorada na terça-feira (3). Após a reunião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a divulgação das medidas ocorrerá após validação com líderanças parlamentares no domingo (8).

Segundo apuração da CNN, a equipe econômica vê neste momento uma janela para avançar com medidas estruturais, mas pondera que este tipo de ação tem impacto limitado no curto prazo. A receita do IOF já consta no Orçamento, e a gestão federal precisa compensar em 2025 qualquer eventual recuo.

Ajudaria o governo no fôlego de curto prazo, por exemplo, o pagamento de dividendos adicionais pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Como mostrou a CNN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da instituição, Aloizio Mercadante, trataram do assunto nesta terça.

Segundo fontes, Haddad e Mercadante acordaram a manutenção do repasse de 60% do lucro líquido do BNDES ao Tesouro Nacional. A Fazenda ficou de apresentar um cronograma para o pagamento de “dividendos adicionais” que o Banco destinará ao governo federal.

O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, já havia confirmado no final de maio que os dividendos a serem pagos ao governo pelo BNDES e pela Caixa Econômica Federal superaram a previsão do Orçamento. A estimativa é de que o pagamento adicional pelas instituições gire em torno de R$ 10 bilhões.

Outra possibilidade ventilada que engordaria o caixa do governo ainda neste ano seria um “pacotão” de receitas adicionais de petróleo. Segundo fontes do governo, mais de R$ 20 bilhões devem entrar no caixa da União já em 2025.

Medidas estruturais

Entre as medidas estruturais que fazem parte do “cardápio” da equipe econômica e podem constar no pacote fiscal final estão mudanças no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e a revisão de benefícios tributários.

No caso do Fundeb, a complementação da União para o fundo sobe gradualmente desde 2021, hoje é de 21% e atingirá 23% no ano que vem. Integrantes da equipe econômica descreveram este aumento de verba, sob reserva, como uma “bomba-relógio” para as contas públicas.

Uma das saídas ventiladas por técnicos seria encerrar o avanço da complementação em 21% e criar mecanismo que permita ao Ministério da Educação (MEC) gastar o percentual adicional com educação básica. Para viabilizar esta medida seria necessária uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Acontece que no mínimo 70% do Fundeb precisa ser gasto com remuneração dos profissionais da educação básica. No MEC, o dinheiro poderia ser utilizado com outras medidas — a exemplo do Pé-de-Meia, com custo de R$ 13 bilhões neste ano — e dar fôlego ao Orçamento.

Já no caso dos benefícios tributários, é estudada pela equipe econômica a possibilidade de reforçar mecanismos para barrar a renovação destes gastos, o que aliviaria os cofres nos próximos anos. A retirada de incentivos é tratada como uma medida de difícil tramitação no Congresso Nacional.

O ministro Fernando Haddad afirmou recentemente que os benefícios tributários no país giram em torno de R$ 800 bilhões. Segundo fontes do Congresso, a revisão destes incentivos é uma pauta que agrada o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

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