Haddad: Taxação não tem justificativa e vamos buscar entendimento
Ministro da Fazenda afirma que será formado um grupo de trabalho para analisar a lei da reciprocidade aprovada pelo Congresso Nacional

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (10) que a tarifa imposta pelos Estados Unidos ao Brasil não se justifica sob nenhum ponto de vista, seja econômico ou político.
Em conversa com jornalistas, o chefe da equipe econômica afirmou que, tendo em vista o superávit dos últimos 15 anos, quem deveria estar pensando em se proteger é o Brasil.
“Olha o que o presidente [Lula] tem dito, uma tarifa que não se justifica sob nenhum ponto de vista, menos ainda sob o ponto de vista econômico. Os Estados Unidos tiveram um superávit junto ao Brasil, fora a América do Sul, junto ao Brasil nos últimos 15 anos de mais de US$ 400 bilhões", disse.
"Quem poderia estar pensando em proteção era o Brasil. E o Brasil não está pensando nisso”.
Segundo o ministro, a medida representa uma retaliação ideológica que ignora a longa tradição de boas relações entre os dois países.
“Esse tipo de retaliação com finalidade político-ideológica é contraproducente, ele desrespeita os 200 anos de tradição diplomática entre os dois países, que se dão muito bem. Os povos brasileiros e norte-americanos se dão muito bem e têm relações diplomáticas estabelecidas há muito tempo, têm tradição de conversa”, afirmou.
Ele também diz que houve “ordens secretas" do STF (Supremo Tribunal Federal) no que diz respeito às mídias digitais e que a relação comercial entre os dois países é “longe de recíproca”.
Haddad afirmou que será criado um grupo de trabalho para analisar os instrumentos disponíveis, inclusive a lei da reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional com apoio de diversos setores.
“Na minha opinião, isso não tem a menor justificativa e nós vamos, obviamente, ter um grupo de trabalho para analisar a lei da reciprocidade, que foi aprovada com larga margem pelo Congresso, inclusive com setores conservadores da sociedade que defendem a soberania nacional”, afirmou o ministro.
O ministro reforçou ainda que os canais diplomáticos continuarão abertos para buscar uma solução negociada ao impasse.
“Enquanto isso, os canais diplomáticos sempre estarão abertos para buscar um entendimento e a superação desse impasse”, destacou.


