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Haddad: Taxação não tem justificativa e vamos buscar entendimento

Ministro da Fazenda afirma que será formado um grupo de trabalho para analisar a lei da reciprocidade aprovada pelo Congresso Nacional

Cristiane Noberto, da CNN, Brasília
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad  • 03/06/2025. REUTERS/Adriano Machado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (10) que a tarifa imposta pelos Estados Unidos ao Brasil não se justifica sob nenhum ponto de vista, seja econômico ou político.

Em conversa com jornalistas, o chefe da equipe econômica afirmou que, tendo em vista o superávit dos últimos 15 anos, quem deveria estar pensando em se proteger é o Brasil.

“Olha o que o presidente [Lula] tem dito, uma tarifa que não se justifica sob nenhum ponto de vista, menos ainda sob o ponto de vista econômico. Os Estados Unidos tiveram um superávit junto ao Brasil, fora a América do Sul, junto ao Brasil nos últimos 15 anos de mais de US$ 400 bilhões", disse.

"Quem poderia estar pensando em proteção era o Brasil. E o Brasil não está pensando nisso”.

Segundo o ministro, a medida representa uma retaliação ideológica que ignora a longa tradição de boas relações entre os dois países.

“Esse tipo de retaliação com finalidade político-ideológica é contraproducente, ele desrespeita os 200 anos de tradição diplomática entre os dois países, que se dão muito bem. Os povos brasileiros e norte-americanos se dão muito bem e têm relações diplomáticas estabelecidas há muito tempo, têm tradição de conversa”, afirmou.

Na carta enviada pelo presidente Donald Trump a Lula para informar sobre as novas alíquotas, o norte-americano acusa a justiça brasileira de cometer uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele também diz que houve “ordens secretas" do STF (Supremo Tribunal Federal) no que diz respeito às mídias digitais e que a relação comercial entre os dois países é “longe de recíproca”.

Haddad afirmou que será criado um grupo de trabalho para analisar os instrumentos disponíveis, inclusive a lei da reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional com apoio de diversos setores.

A coordenação ficará a cargo do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

“Na minha opinião, isso não tem a menor justificativa e nós vamos, obviamente, ter um grupo de trabalho para analisar a lei da reciprocidade, que foi aprovada com larga margem pelo Congresso, inclusive com setores conservadores da sociedade que defendem a soberania nacional”, afirmou o ministro.

O ministro reforçou ainda que os canais diplomáticos continuarão abertos para buscar uma solução negociada ao impasse.

“Enquanto isso, os canais diplomáticos sempre estarão abertos para buscar um entendimento e a superação desse impasse”, destacou.

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