Justiça do DF afasta João Luiz Fukunaga da presidência da Previ
Decisão foi dada em ação popular do deputado estadual de São Paulo Leonardo Siqueira (Novo)


O juiz substituto da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, Marcelo Gentil, determinou na quinta-feira (25) o afastamento provisório de João Luiz Fukunaga, da presidência da Previ, o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil (BB).
A decisão foi dada em ação popular do deputado estadual de São Paulo Leonardo Siqueira (Novo). Na ação, o parlamentar questiona a trajetória profissional de Fukunaga e sua capacidade de exercer o cargo.
Marcelo Gentil suspendeu os efeitos do atestado de habilitação emitido pela Previc em favor de Fukunaga.
Na época em que a ação foi impetrada, o deputado Leonardo Siqueira afirmou à CNN que Fukunaga não possuía qualificações técnicas para gerir o fundo responsável pela previdência dos funcionários do BB. Segundo ele, esse é a principal justificativa para ter entrado com a Ação Popular
O deputado destacou que o indicado possui um histórico sindicalista e disse temer que decisões políticas fossem tomadas durante sua administração.
Procurada pela CNN, a Previ defendeu que a indicação passou pelos ritos de governança.
“Ressaltamos que a indicação do presidente da Previ transitou por todos os ritos de governança, inclusive com decisões colegiadas, inicialmente no patrocinador, BB, e depois pelos ritos de governança da Previ e da Superintendência Nacional de Previdência Complementar, a Previc. A habilitação de João Fukunaga pela Previc dentro dos prazos previstos atesta o cumprimento de todas as exigências regulatórias para sua posse e comprova a conformidade exigida para o exercício do cargo.”
Fukunaga na Previ
O sindicalista João Luiz Fukunaga, de 39 anos, assumiu a liderança do maior fundo de previdência da América Latina, a Previ, no dia 24 de fevereiro. O fundo é responsável por gerir cerca de R$ 200 bilhões e tem quase 200 mil participantes.
Fukunaga foi o primeiro sindicalista a chefiar o fundo desde 2010, quando Sergio Rosa deixou o cargo, e sua gestão sucedeu a de uma série de nomes técnicos à frente da Previ.
Funcionário da instituição e associado do Previ Futuro desde 2008, Fukunaga é formado em História e tem mestrado em História Social pela PUC-SP. Começou sua carreira como professor do Ensino Médio e também atuou como pesquisador, tendo realizado diversas produções acadêmicas na área da educação.
Em janeiro de 2022, foi escolhido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), entidade que reúne os maiores sindicatos do país, para o cargo de Auditor Sindical, atuando nas negociações entre funcionários e a direção do banco, destaca a Previ.
Em 2012, o sindicalista havia assumido a direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo, e foi coordenador nacional da Comissão de Negociação dos Funcionários do BB. Nesse período acumulou experiência nas principais funções de gestão da entidade, diz a Previ.
Procurada na época da nomeação, a Previ informou que Fukunaga cumpre todos os critérios de exigência para concorrer a uma posição de gestão na empresa. Um deles é ser associado dela por mais de dez anos; outro, ter experiência na área de finanças — ambos assegurados pela passagem no BB.
Segundo a assessoria de imprensa, os requisitos são:
1) possuir experiência profissional comprovada de, no mínimo, três anos no exercício de atividades nas áreas financeira, administrativa, contábil, jurídica, de fiscalização, de atuária, de previdência ou de auditoria;
2) não ter sofrido penalidade administrativa por infração da legislação da seguridade social, inclusive da previdência complementar ou como servidor público;
3) não ter sofrido condenação criminal transitada em julgado;
4) ter reputação ilibada;
5) obter certificação emitida por entidade autônoma, nos prazos estabelecidos na Instrução;
6) ter residência fixa no Brasil, para os membros da Diretoria Executiva.
Presidentes anteriores:
– Daniel Stieler (2021 a 2023)
Quando assumiu, era funcionário do BB desde a década de 1980. Foi gerente executivo na Diretoria de Contadoria e diretor de Controladoria do BB. Antes de assumir a liderança da Previ, exercia o cargo de diretor-superintendente da Economus, o fundo de pensão da Nossa Caixa, que foi adquirida pelo BB em 2009.
É graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Santa Maria (RS) e possui pós-graduações em Administração Financeira e Auditoria, ambas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), além de um MBA em Contabilidade pela Universidade de São Paulo (USP).
– José Maurício Coelho (2018 a 2021)
Também com longa carreira no Banco do Brasil, ajudou a estruturar a área de mercado de capitais no final dos anos 1990 e, mais recentemente, na criação da BB Seguridade. Era visto pelo presidente do BB à época, Paulo Caffarelli, como um profissional técnico e experiente em negociações complexas.
– Gueitiro Matsuo Genso (2015 a 2018)
Quando assumiu o fundo, era diretor de Clientes Pessoa Física do Banco do Brasil, onde atuava desde 1985. Especializou-se em administração financeira com ênfase em finanças para gerência pela FGV.
– Marco Geovanne Tobias da Silva (interino de dezembro 2014 a março de 2015)
Assumiu a presidênca do fundo, do qual era diretor de participações, interinamente após a aposentadoria de Dan Conrado. Tem em seu currículo cursos como Gestão de Investimentos Alternativos para Fundos de Pensão na Wharton University of Pennsylvania. No Banco do Brasil, atuou nas áreas de Finanças, Consultoria Técnica, Banco de Investimentos e Estratégia, Marketing. Foi membro do Conselho de Administração do IBRI, Presidente do conselho Fiscal da Coelba, Diretor do IBEF-DF.
– Dan Conrado (2012 a 2014)
Bacharel em direto, era funcionário de carreira do BB desde 1980, onde ocupou funções de administrador de agência, superintendente e foi responsável pelo integração do BB com a Nossa Caixa, comprado do governo paulista em 2008. Além disso, atuou como conselheiro des empresas como Weg, Celesc e Brasilprev.
– Ricardo Flores (2010 a 2012)
Antes de assumir o fundo, em 2010, ocupava o cargo de vice-presidente de crédito do Banco do Brasil. Considerado um nome técnico para a função, teve participação reconhecida na elevação do crédito do BB durante a crise internacional.
Acumula experiência como membro e também presidente do conselho de administração de diversas companhias, como Nossa Caixa, Vale e outras.
Ocupou ainda a presidência da Federação Nacional das Empresas de Capitalização (FENACAP) e a vice-presidência da Confederação das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSEG). Flores é economista, com MBA em Controladoria e em Formação para Altos Executivos, ambos pela Universidade de São Paulo, e tem especialização em Análise e Elaboração de Projetos.
– Sergio Rosa – (2003 a 2010)
Ex-dirigente sindical, Rosa permaneceu oito anos no cargo, uma forte vinculação com o PT e interlocução direta com o Palácio do Planalto. Foi presidente da Brasilprev após uma passagem pela Previ, presidente do conselho de administração da Vale
Publicado por Danilo Moliterno.