Liderando alta de vagas formais, serviços veem otimismo crescer em abril, diz FGV

Ainda em níveis pré-pandemia, cadeia do turismo, como hotéis e restaurantes, demonstra confiança na retomada

Pauline Almeida, da CNN, no Rio de Janeiro
Escola Império Serrano desfila pelo Grupo de Acesso do Carnaval do Rio de Janeiro em 2022
Neste mês marcado pelos feriados prolongados e desfiles de Carnaval, os nichos de hospedagem e alimentação puxaram o otimismo do setor de serviços  • Gustavo Domingues/Riotur
Compartilhar matéria

Neste mês marcado pelos feriados prolongados e desfiles de Carnaval, os nichos de hospedagem e alimentação puxaram o otimismo do setor de serviços, segundo uma sondagem do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), divulgada nesta quinta-feira (28).

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu quatro pontos e chegou a 96,2 pontos (de 200), o maior nível desde novembro do ano passado.

Foi o segundo avanço mensal consecutivo do ICS, com uma alta em 12 dos 13 segmentos analisados.

Segundo o FGV Ibre, o resultado foi influenciado tanto pela situação atual das empresas, que marcou 96 pontos, a melhor marca desde abril de 2014, quanto pelas perspectivas para os próximos meses, com 96,6 pontos (aumento de 2,9 pontos em abril).

Os serviços prestados às famílias, como hotéis, bares e educação, que foram prejudicados pela variante Ômicron no início do ano, recuperaram a perda dos primeiros meses de 2022 e puxaram a retomada.

Rodolpho Tobler, pesquisador do FGV Ibre, explica que essas atividades ficaram com uma demanda reprimida na pandemia, por conta da necessidade de isolamento social, e ainda têm espaço para retomada até os níveis anteriores à chegada da Covid-19.

Nesta quinta-feira, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ainda mostraram que os serviços lideraram a criação de postos formais de trabalho em março - 111.513 dos 136.189 do saldo do mês.

Fábio Bentes, da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC), destaca que as atividades do setor vêm capitaneando a recuperação do mercado de trabalho brasileiro.

“O emprego formal cresceu 1,5% no trimestre, a agropecuária também, a indústria cresceu um pouco menos e os serviços chegaram a 2,3%. Quando a gente olha uma perspectiva de 12 meses, o mercado formal cresceu 6,6% e o setor de serviços, 7,4%. Ou seja, está se destacando”, colocou.

Dentro do setor de serviços, um comparativo feito por Bentes entre o saldo de vagas de março de 2020, início da pandemia, e março de 2022, aponta que as atividades profissionais, científicas e técnicas, como advogados e engenheiros, tiveram uma ampliação de 18% na força de trabalho, assim como o grupo de informação e comunicação. Já os postos das atividades imobiliárias avançaram 15%.

Na outra ponta, o turismo ainda está 5% abaixo do saldo de 2020, o que mostra que hotéis, restaurantes e toda a cadeia ainda se recuperam. Neste feriado de Tiradentes, por exemplo, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) registrou 85% de ocupação nos estabelecimentos do Rio e 60% em Belo Horizonte.

Já a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABrasel) espera um avanço de 3% neste mês de abril. “O faturamento está muito firme, investimentos novos estão sendo programados por diversos grupos. O grande desafio está em melhorar a rentabilidade, especialmente neste momento de inflação galopante”, colocou o presidente Paulo Solmucci.

Para o economista Rodolpho Tobler, do FGV Ibre, os serviços devem continuar crescendo, mas em menor ritmo por conta do aumento dos preços, do desemprego, da menor renda e da alta taxa de juros.

“O grande desafio é dar continuidade porque depende muito do poder de compra, que está prejudicado. Mas no final de abril para maio, tem a liberação do FGTS que começou a ser feita, a antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas, coisas pontuais que podem aquecer a demanda nesse primeiro semestre”, colocou.

Acompanhe Economia nas Redes Sociais