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Mercado de luxo no Brasil supera ritmo global, revela estudo

Vendas de bens e serviços de alto padrão no país cresceram cerca de 26% entre 2022 e 2024, acima da média mundial

Adriana De Luca, da CNN Brasil, São Paulo
Mulher carrega sacolas de compras em Hamburgo, Alemanha
No Brasil, os segmentos de moda e artigos pessoais, imóveis e automóveis dividiram o topo do ranking em termos de volume de vendas  • 25/01/2018. REUTERS/Fabian Bimmer/File Photo
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O Brasil desponta como um dos mercados mais dinâmicos no segmento de luxo. De acordo com a segunda edição do relatório “A nova era de crescimento do mercado de luxo”, as vendas de produtos de luxo no país cresceram 26% entre 2022 e 2024, o que corresponde a uma média anual de 12% para o setor.

Esse desempenho contrasta com a expansão global do mercado de luxo, que no mesmo período atingiu média de apenas 3% ao ano, impactada sobretudo pela desaceleração no mercado asiático, especialmente na China.

Segmentos de destaque

No Brasil, os segmentos de moda e artigos pessoais, imóveis e automóveis dividiram o topo do ranking em termos de volume de vendas, estimados em aproximadamente R$ 21 bilhões cada.

O setor de saúde apareceu em seguida com gastos da ordem de R$ 17,3 bilhões, seguido pela aviação (R$ 6,5 bilhões), arte e mobiliário (R$ 4,2 bilhões), hotéis e experiências (R$ 3,8 bilhões) e iates (R$ 2,1 bilhões).

Apenas a categoria de bebidas finas (cerca de R$ 1 bilhão) registrou retração, em marca que destoou da trajetória das demais.

Quando comparado ao mercado japonês, o Brasil alcançou taxa de crescimento bastante próxima, embora o Japão continue com um gasto total cerca de 13% superior ao brasileiro no período. Isso revela que, apesar do forte ritmo, ainda há margem para expansão no país.

Entre os nichos que mais avançaram em termos percentuais destacam‑se automóveis (+18%), hotelaria (+16%), saúde (+15%) e imóveis (+13%).

Esses números refletem a intensificação das aquisições de veículos premium, investimentos em residências maiores ou mais sofisticadas e em procedimentos estéticos e de bem‑estar com maior valor agregado. Influenciadores nas redes sociais têm contribuído para divulgar e normalizar esse tipo de consumo.

Aposta na pronta entrega de carros importados

Dentro desse contexto de expansão e valorização da experiência, empresas brasileiras especializadas têm buscado diferenciais competitivos.

“Estamos ampliando nossa importação direta dos Estados Unidos para garantir modelos de luxo à pronta entrega no Brasil. Essa agilidade na entrega eleva ainda mais a experiência do nosso cliente e tem contribuído significativamente para o aumento do nosso faturamento”, afirma Harife Mello, CEO da Carhaus, empresa de curadoria de veículos de alto padrão

Cada veículo passa por uma seleção, como avaliação de procedência, qualidade e sofisticação. O estoque é dinâmico e constantemente atualizado para atender um público que valoriza performance, luxo e autenticidade.

Quem consome luxo no Brasil e por quê

O levantamento vai além dos números e investiga os perfis e motivações dos consumidores brasileiros de luxo, identificando cinco motivações principais:

Dúvida sobre o valor (ceticismo): consumidores que adquirem bens de luxo com ponderação, questionando se o preço se justifica em termos pessoais, sociais ou mercadológicos.

Memória afetiva (lembranças boas): o consumo de luxo motiva‑se por ocasiões de celebração, conquistas ou pelo desejo de criar memórias alinhadas aos valores e estilo de vida do indivíduo.

Pertencimento (sentir‑se parte de um grupo): para esse perfil, o luxo serve como meio de integração social, de se inserir em determinados círculos e reproduzir símbolos e códigos desse universo.

Autoridade (mostrar que é importante): o luxo é usado como ferramenta para demonstrar influência, relevância e conhecimento em áreas valorizadas dentro de grupos sociais de prestígio.

Prestígio (mostrar o que conquistou): aqui o bem ou serviço de luxo funciona como um símbolo visível das realizações pessoais, autenticidade e status social conquistado.

Esses distintos perfis revelam que o consumo de luxo no Brasil está longe de ser uniforme, ele se manifesta de formas diversas, impulsionado por diferentes impulsos emocionais, sociais e simbólicos.

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