Mercosul perde relevância comercial, mas vira “salvação” da indústria, mostra estudo
Queda tem relação principalmente com avanço de mercadorias chinesas na região e com a "primarização" da pauta exportadora dos países do bloco
O peso do Mercosul no comércio exterior de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai despencou nas últimas duas décadas.
De 2001 a 2022, caiu de 18,6% para 10,4% a participação do bloco nas exportações totais de seus quatro países-membros, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A queda tem relação, principalmente, com o avanço de mercadorias chinesas na região e com a “primarização” da pauta exportadora do Mercosul. Hoje, os três principais produtos embarcados pelo Brasil são commodities: soja, petróleo e minério de ferro.
O bloco, no entanto, é cada vez mais importante para as exportações industriais. Em 2001, ele absorvia 6% das vendas externas da indústria de transformação brasileira.
Em 2022, passou a representar 19,8% dos bens manufaturados “made in Brazil”. Isso se reflete diretamente nos impactos à economia como um todo.
De acordo com a CNI, cada R$ 1 bilhão exportado pelo Brasil aos demais países do Mercosul gera 24,4 mil empregos e R$ 550 milhões em rendimentos aos trabalhadores.
No caso das exportações brasileiras à China, que são menos sofisticadas, cada R$ 1 bilhão gera 15,7 mil empregos e R$ 315 milhões em salários.
No cenário global, a participação do Mercosul é irrisória. O bloco representava 1,31% das exportações mundiais da indústria de transformação em 2001.
Essa fatia diminuiu ainda mais e está em apenas 1,13% atualmente — uma evidência da baixa competitividade dos países da região.
Em meio à cúpula semestral do Mercosul, que ocorre em Puerto Iguazú, na Argentina, a CNI divulgou, nesta segunda-feira (3), uma lista de prioridades para a agenda do bloco.
Ela está dividida em três partes: agenda econômica e comercial interna; relacionamento externo; e internalização de normativas.
As prioridades englobam ações como um novo acordo sobre regras de origem (quais são os índices mínimos de conteúdo para que um produto seja considerado regional), a conclusão dos tratados de livre comércio com a União Europeia e com o Canadá, a internalização de acordos já fechados no Mercosul sobre temas como comércio eletrônico e indicações geográficas.