CNN Brasil Money

Não está na nossa ordem privatizar o Pix, diz Haddad à CNN

Em paralelo ao tarifaço, EUA abriram investigação comercial contra o Brasil e citam Pix como um dos entraves às empresas norte-americanas

João Nakamura e Henrique Sales Barros, da CNN, Brasília e São Paulo
Compartilhar matéria

A questão dos Estados Unidos com o Pix é um ponto que gera questionamentos no governo, uma dificuldade de compreender exatamente o que as autoridades norte-americanas querem ao citar a ferramenta de pagamentos na investigação comercial deflagrada contra o Brasil, relatou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista exclusiva à CNN nesta terça-feira (29).

O chefe da equipe econômica bateu na tecla de que não está na lista de considerações do governo privatizar o Pix, ao ponderar que a ferramenta "não está concorrendo com quem quer que seja, ele é a forma que o Brasil encontrou de criar uma moeda digital".

"Existem alguns itens que estão sendo discutidos e alguns que estamos tentando compreender [...]. A questão do Pix: há um incomodo por ser um instrumento do Estado brasileiro, como se houve a presunção de que o Pix deveria ser privado, render lucro para alguém", pontuou Haddad.

Ao anunciar uma tarifa de 50% contra os importados brasileiros, o presidente norte-americano Donald Trump orientou o escritório do USTR (Representante Comercial dos Estados Unidos) a abrir uma investigação comercial contra o Brasil por práticas que estariam, supostamente, afetando a competitividade de produtos e empresas dos EUA no mercado nacional.

No documento em que oficializou o inquérito, o USTR Jamieson Greer citou ferramentas de pagamento governamentais do Brasil como um dos obstáculos. A questão que se aponta é que o Pix estaria, por sua eficiência, velocidade e baixo custo, impedindo o avanço de opções das empresas financeiras norte-americanas no país.

A percepção do ministro não corrobora com essa tese.

"Tem questões que não estão claras para nós. A conversa esbarra numa percepção de que o Pix concorre, e ele não concorre. Ele concorre com o papel moeda, pois ele é eletrônico. É um expediente que não pretendemos abrir mão", enfatizou Haddad.

"Queremos proteger as conquistas dos trabalhadores brasileiros, e vamos continuar fazendo isso independente da medida que vai ser tomada."

Acompanhe Economia nas Redes Sociais