Pix ajudou em inclusão, mas fraudes preocupam, diz especialista
Modalidade completa um ano de funcionamento no Brasil na próxima terça-feira (16)
O Pix, que completa um ano de implementação no Brasil na terça-feira (16), movimentou mais de R$ 1,5 trilhão desde o lançamento. Desde então, a ferramenta ajudou na inclusão de brasileiros que não utilizavam o sistema bancário, mas as fraudes cada vez mais frequentes preocupam, explica a especialista em Banking e professora de Relações Econômicas Internacionais e Mercado Financeiro da universidade Mackenzie, Thaís Cíntia Cárnio, em entrevista à CNN neste domingo (14).
“O Pix ajudou na inclusão, na democratização e, no momento em que a pessoa se sente integrada ao sistema bancário, tem a oportunidade de acessar crédito com mais facilidade, é um exercício de cidadania. As pessoas estavam à margem de tudo isso por não entenderem como funcionava ou não poderem pagar tarifas altíssimas. Elas se sentem muito mais inseridas no mercado financeiro”, avalia.
Ela defende que os bancos têm condições de detectar as fraudes mais facilmente, caso queiram. “Gostaria de ver uma postura mais proativa da Febraban e das instituições financeiras, porque o dinheiro transferido pelas quadrilhas não evapora, vai para conta de outra instituição financeira, que têm obrigação de conhecer seu cliente, se ele tem capacidade financeira para os valores que estão circulando em sua conta. Precisa de um pouco mais de empenho para coibir esse tipo de ação criminosa e, a partir dessa busca, desbaratar quadrilhas, e não sermos cerceados da liberdade de utilização. O problema não é com o Pix, é de segurança pública”.
A professora exemplica. “A política de ‘conheça seus clientes’ das instituições financeiras está falha. Elas têm uma tecnologia avançada, lucram muito anualmente, e essa questão de investimento em proteção deve ser uma pedra de toque cada vez mais forte, não algo só no papel. Os bancos têm sistemas que permitem verificar se o que está transitando na conta do cliente faz sentido ou não de acordo com a sua capacidade financeira. Uma pessoa que transita R$ 3 mil por mês, de repente passa R$ 30 mil, precisa ser verificada pela instituição financeira. Com um pouco mais de vontade, os bancos conseguirão aplicar os mecanismos de segurança”.
Enquanto isso, cabe ao cidadão se proteger como pode. “Vislumbro que no futuro é possível que tenhamos ainda mais limitações à plena utilização por conta de fraudes. É evitar os aplicativos de banco dentro do celular. É triste, mas, se você não tiver um dispositivo que permita ter pastas secretas, nada visíveis para quem eventualmente furtar o celular, ajuda bastante. E tentar fazer as movimentações a partir dos dispositivos no domicílio. Atrapalha a vida mas, no momento, com o que temos em mãos, é o único jeito de evitar situações mais desastrosas”, ensina.
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Com funcionamento integral a partir de novembro de 2020, o Pix é o serviço de pagamento instantâneo do Banco Central, e em pouco tempo se espalhou entre os brasileiros • Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Dados do Banco Central mostram que, até outubro de 2021, foram cadastradas mais de 348 milhões de chaves no Pix, que permitem identificar os usuários. A maior parte é de chaves aleatórias, com 121 milhões • Unsplash
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Considerando o Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) do Banco Central, a quantidade de transações mensais saltou de 33 milhões em novembro de 2020 para 979 milhões em outubro de 2021 • Proxyclick Visitor Management System/Unsplash
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As transações entre pessoas físicas ainda dominam o Pix, representando 75% do total em outubro. Mesmo assim, ela tem perdido um pouco de espaço, com as transações de pessoa física para jurídica crescendo de 5% para 16% • UnSplash
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Dividindo por região, o Sudeste fica com quase 45% das transações que são realizadas no Pix. Ele é seguido pelo Nordeste (24%), Sul (12%), Centro-Oeste (9%) e Norte (9%) • Markus Winkler
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Um elemento essencial para o funcionamento do Pix é a existência de instituições financeiras que integram o sistema, cadastradas pelo Banco Central. Até outubro de 2021, elas eram 762, sendo que 616 são cooperativas de crédito • Foto: Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo
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O Banco Central tem estudado algumas novidades para o Pix, uma delas é o lançamento do Pix Saque e do Pix Troco, que serão disponibilizados no final de novembro e são voltados para o uso em estabelecimentos comerciais • Unsplash/Christiann Koepke
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Além de dominar as transações, as pessoas físicas também concentram a maioria das contas cadastradas no Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DCIT). São cerca de 217 milhões, contra 9 milhões de pessoas jurídicas • Eduardo Munoz/ Reuters
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Assim como a quantidade de transações, o volume de dinheiro que circula pelo Pix também teve um grande aumento. Em novembro de 2020, o total foi de R$ 25 milhões, enquanto em outubro de 2021, foi de R$ 502 milhões • Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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O Brasil não é o único país no mundo que possui um sistema de pagamentos instantâneos. Um estudo da empresa ACI aponta que mais de 40 países possuem sistemas semelhantes, e o Brasil é um dos 10 maiores mercados em número de transações, junto com México, Estados Unidos, Japão, Nigéria, Reino Unido, Tailândia, Coreia do Sul, China e Índia • John McArthur/Unsplash
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Apesar das vantagens, o Pix acabou sendo usado como ferramenta para fraudes e também em roubos e sequetros. Com o objetivo de melhorar o sistema de segurança, o Banco Central estabeleceu algumas mudanças, em especial o limite noturno para transações: das 20h às 6h fica estabelecido um limite de R$ 1.000, a menos que os usuários solicitem um limite maior • Getty Images