PMI industrial do Brasil recua de 49,2 em fevereiro para 47 em março
É quinta leitura seguida abaixo do patamar de 50 pontos, o que indica retração para atividade
O índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do Brasil caiu de 49,2 em fevereiro para 47,0 em março, a deterioração mais acelerada da saúde do setor em três meses. É a quinta leitura seguida abaixo do patamar de 50 pontos, o que indica retração para a atividade.
De acordo com a S&P Global, um ambiente de demanda mais fraca aliada a incerteza econômica e política restringiu os gastos dos clientes em março, levando a uma nova contração no volume de novos pedidos. Os novos pedidos para exportação também se contraíram nesta leitura, a décima terceira queda consecutiva no componente.
Segundo a S&P, o índice de produção caiu pelo quinto mês consecutivo e a um ritmo mais rápido do que em fevereiro, na esteira de declínios prolongados nos pedidos às fábricas, fazendo com que os níveis de estoque sejam suficientes para os requisitos atuais.
O índice de preços de insumos continuou a subir, embora a taxa de aumento tenha sido uma das mais baixas desde o início da coleta de dados, em fevereiro de 2006, de acordo com a S&P.
Em contrapartida, os preços de venda aumentaram ao ritmo mais acelerado desde setembro de 2022. Na avaliação dos participantes da pesquisa, isso aconteceu porque o aumento das despesas operacionais foi repassado aos clientes.
“A desaceleração do setor industrial brasileiro se aprofundou em março, quando o segmento de bens de consumo juntou-se aos setores de bens intermediários e bens de produção em uma contração generalizada”, afirma a diretora associada de Economia da S&P Global, Pollyanna de Lima, em nota.
Na avaliação de Pollyanna, embora as empresas prevejam tempos melhores à frente, indicados pelo aumento do otimismo, as companhias não estavam preparadas para investir na capacidade de seus negócios até que uma recuperação na demanda se materializasse.
“Os fabricantes voltaram a se concentrar na venda dos estoques existentes, reduzindo a compra de insumos e os empregos. Esforços para melhorar os fluxos de caixa e cortar custos foram temas comuns entre as evidências subjetivas fornecidas em março”, pontua a diretora.
No mês, o índice de quantidade de compras caiu pela sexta leitura consecutiva e em maior magnitude do que a observada em fevereiro. Os fabricantes também reduziram os números da folha de pagamento e o índice de emprego caiu a um ritmo sólido, segundo a S&P.
“O ponto positivo dos resultados mais recentes foi que a demanda fraca por matérias-primas ajudou a aliviar as pressões da cadeia de suprimentos e a conter a inflação dos preços de insumos. Os encargos de custo aumentaram apenas marginalmente, mas a inflação dos custos de produção atingiu um nível mais alto”, acrescentou Pollyanna de Lima.