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Por que o petróleo caiu 7% após o Irã atacar alvos dos EUA?

Para analistas, a retaliação iraniana foi limitada aos alvos militares, sem impactos no sistema de produção e escoamento de petróleo, como o fechamento do Estreito de Ormuz

Da CNN, São Paulo
Bomba para extração de petróleo nos arredores de Almetyevsk, na República do Tartaristão, Rússia
O mercado de petróleo vê o ataque como um sinal de que a capacidade de resposta do Irã é ineficaz e que o país não está retirando petróleo do mercado  • REUTERS/Alexander Manzyuk/Arquivo
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O preço do petróleo passou enfrentou forte volatilidade nesta segunda-feira (23), com alta acentuada nas primeiras horas de negociação, seguida pela inversão do sinal e fechamento da commodity com perda acima de 7%.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para agosto fechou em queda de 7,22% (US$ 5,33), a US$ 68,51 o barril. O Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 6,67% (US$ 4,96), a US$ 70,52 o barril.

O preço do barril caiu mesmo com o ataque do Irã contra alvos militares dos Estados Unidos no Catar e no Iraque. Foram 11 mísseis disparados pelo país persa - a mesma quantidade lançada pelos norte-americanos em ataques contra instalações nucleares iranianas no fim de semana.

Os ataques não deixaram vítimas, e o Irã avisou autoridades do Catar antes de disparar os mísseis, minimizando o número de baixas.

Para analistas, a retaliação iraniana foi limitada aos alvos militares, sem impactos no sistema de produção e escoamento de petróleo, como o fechamento do Estreito de Ormuz.

"Os fluxos de petróleo, por enquanto, não são o alvo principal e provavelmente não serão afetados; acho que será uma retaliação militar contra as bases dos EUA e/ou uma tentativa de atingir mais alvos civis israelenses", disse John Kilduff, sócio da Again Capital

O mercado de petróleo vê o ataque como um sinal de que a capacidade de resposta do Irã é ineficaz e que o país não está retirando petróleo do mercado, afirma Robert Yawger, do Mizuho.

Ele minimiza as preocupações de que o Irã possa fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa um quinto do petróleo mundial.

"Não acho que isso vá acontecer. De qualquer forma, seria um tiro no próprio pé; eles têm dois grandes clientes, Índia e China, e se fechassem o estreito, bloqueariam suas exportações para seus dois únicos clientes", afirma Yawger.

Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, aponta para a mesma opinião de maior ceticismo dos investidores com a capacidade do Irã em tomar medidas de maior impacto no mercado global.

"Ao longo do dia, a gente observou um recuo significativo dos ganhos, até que o petróleo passou a operar em território negativo. Isso se deu por conta de um maior ceticismo dos investidores em relação à capacidade real do Irã de promover um fechamento do Estreito”, diz.

O especialista atribui o ceticismo dos investidores à incapacidade militar do Irã de promover um fechamento do Estreito de Ormuz e ao entendimento de que a medida compromete a própria economia iraniana.

“Até o momento, os investidores acreditam que o Irã não consiga promover uma movimentação desse tipo, militarmente falando", diz.

*Com Estadão Conteúdo e Reuters

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