Preço do petróleo não deve se descontrolar, exceto se conflito envolver novos atores, dizem especialistas
Especialistas veem momento propício a ativos de economias consideradas mais estáveis; emergentes devem ser penalizados
Especialistas consultados pela CNN explicam que os preços do petróleo só sairão do controle caso haja um grande impacto na oferta. Eles indicam que, caso o conflito no Oriente Médio não envolva novos atores, isso não deve ocorrer.
O barril do tipo Brent, usado como referência na maior parte do globo, fechou a sessão desta segunda-feira (9) com alta de 4,22%, negociado a US$ 88,15.
O ex-presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Eberaldo Almeida, indica que a alta imediata dos preços são resultados de um movimento especulativo — que classifica como “natural”.
“O preço do petróleo varia de acordo com os estoques. Se os estoques crescem, os preços tendem a cair. Se os estoques caem, os preços tendem a subir. No caso da guerra na Ucrânia, envolvendo a Rússia, era normal que houvesse perturbação”, aponta.
“No caso de Israel e Palestina, se a guerra ficar setorizada, não vejo impacto nos preços do petróleo. O que a gente viu agora foi um movimento especulativo, o que é natural. Não envolvendo Egito, Irã, não escalando, a tendência é de que o preço, que subiu, caia rapidamente”, completa.
Economista-sênior da LCA Consultores, Thais Zara reitera a ideia de que, “sem grandes impactos na oferta do petróleo, não há motivos para grandes oscilações nos preços do petróleo”;
“Vai depender muito do quanto vai escalar este conflito. Depende de quem vai ser envolvido, quais os países que eventualmente entrarão. Depende de qual vai ser o impacto sobre a oferta de petróleo”, diz.
Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira, aponta que as ações do setor de petróleo devem continuar subindo “porque qualquer guerra no Oriente Médio pode trazer escassez”.
Ele destaca, contudo que “o maior temor é em relação a entrada de outros países no conflito”.
“Com isso, muita volatilidade no mercado e dólar sem previsão de queda”, completa.
Petrobras e Brasil
O movimento da segunda-feira fez os papéis da Petrobras figurarem entre as maiores altas do dia, com as ações preferenciais (PETR4) disparando 4,3%, enquanto as ordinárias (PETR3) subiram 4,1%.
Para as ações da Petrobras, Eberaldo Almeida mantém linha de análise semelhante. Acredita que os ganhos da última sessão devem ser descontados à frente, caso não haja novos impactos sobre a oferta internacional.
José Claudio Securato, economista e CEO da Saint Paul Escola de Negócios, indica que, com a variação positiva do preço do petróleo, a valorização nas ações da estatal brasileira é “inexorável”.
O especialista destaca, no entanto, que o fato de a empresa não seguir de maneira rígida a paridade internacional (PPI) impacta os ganhos da empresa. A possibilidade de o governo interferir e não repassar preços afasta investidores, indica.
Eberaldo reitera o ponto de vista: “Petrobras é negociado com bastante desconto por conta de o acionista controlador ser o governo e haver temor de haver ação do contrariando a lógica de mercado. A lógica seria mais previsível com o PPI”, completa.
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*Publicado por Danilo Moliterno.