Preços do petróleo se aproximam de US$ 100 por barril
Preços estão perto de seu nível mais alto desde 2014, e podem pesar no crescimento econômico e piorar ainda mais o problema da inflação no mundo
Os preços do petróleo vêm subindo desde que a economia global começou a se recuperar da Covid-19. Agora, enquanto os Estados Unidos alertam que a Rússia pode invadir a Ucrânia em breve, eles estão pressionando ainda mais.
Os futuros de petróleo Brent, a referência global, subiram acima de US$ 96 por barril na segunda-feira (14), antes de cair ligeiramente.
Os preços, que agora estão perto de seu nível mais alto desde 2014, podem pesar no crescimento econômico e piorar ainda mais o problema da inflação no mundo.
“Ninguém pode realmente ler a mente do presidente Putin“, disse à CNN o analista de petróleo do UBS Giovanni Staunovo.
“Mas uma interrupção no fornecimento como resultado do conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode enviar petróleo acima de US$ 100 por barril pela primeira vez em mais de sete anos.”
A Rússia é um dos maiores produtores mundiais de petróleo e gás natural. Os investidores estão preocupados que o conflito com a Ucrânia possa danificar a infraestrutura de energia na região e que as sanções à Rússia por nações ocidentais possam afetar as exportações do país.
Também há preocupações de que Putin possa armar as exportações de petróleo e gás para pressionar a Europa, que depende da Rússia para seus suprimentos de energia.
A situação é especialmente delicada, dada a tensão já nos mercados de petróleo. A demanda por energia está aumentando à medida que as restrições da era da pandemia são suspensas e as viagens retomam, enquanto os estoques são reduzidos.
Houve pressão sobre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados importantes como a Rússia, um grupo conhecido como OPEP+, para aumentar a oferta.
Mas a OPEP+ já está lutando para cumprir seus objetivos declarados.
“Se a diferença persistente entre a produção da Opep + e seus níveis de meta continuar, as tensões de oferta aumentarão, aumentando a probabilidade de mais volatilidade e pressão ascendente sobre os preços”, disse a Agência Internacional de Energia em relatório na semana passada.
A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos poderiam fazer mais, mas Staunovo acha improvável que isso aconteça, a menos que a situação realmente aumente.
Na semana passada, Natasha Kaneva, chefe de estratégia global de commodities do JPMorgan, disse que os preços do petróleo podem “facilmente” disparar para US$ 120 por barril se as exportações de petróleo da Rússia forem afetadas por tensões com a Ucrânia “em um contexto de baixa capacidade ociosa em outras regiões”.
Por que é importante: os preços mais altos do petróleo podem chocar as economias de países que consomem muito petróleo e prejudicar os bolsos já sobrecarregados dos consumidores.
O preço médio de um galão de gasolina nos Estados Unidos subiu para quase US$ 3,49 na segunda-feira, ante US$ 3,31 há um mês e US$ 2,51 nesta época do ano passado.
“Com a inflação atualmente em máximas de várias décadas e a incerteza em torno das perspectivas de inflação já sem precedentes, a última coisa que a economia global em recuperação precisa é outra perna mais alta nos preços da energia”, disse Janet Henry, economista-chefe do HSBC, a clientes no início deste mês.
Há mais: os temores de uma invasão russa não estão apenas agitando o mercado de petróleo. As ações globais também caíram na segunda-feira. A venda foi mais acentuada na Europa, onde o DAX da Alemanha caiu 2,2% e o CAC 40 da França está 2,3% menor.
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O petróleo é considerado uma commodity. O termo se refere a recursos finitos que têm origem na natureza e são comercializados. No caso, o petróleo é usado principalmente como combustível, mas também dá origem a materiais como o plástico • REUTERS/Vasily Fedosenko
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O petróleo pode ser de vários tipos, dependendo principalmente do seu grau de impureza. Os dois principais, Brent e WTI, são leves (pouco impuros), e a diferença se dá pelo local de negociação: bolsa de Nova York no caso do Brent e bolsa de Londres no caso do WTI • Instagram/ Reprodução
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Os preços do petróleo seguem uma cotação internacional, e flutuam pela oferta e demanda. No Brasil, o preço de referência adotado pela Petrobras - maior produtora no país - é do Brent, seguindo a cotação internacional, em dólar • REUTERS
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Quando se fala da comercialização de petróleo, um fator importante é a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com 13 membros, ela é responsável por quase 50% da produção mundial de petróleo, e portanto consegue regular a oferta - e preços - pelos fluxos de produção • Reuters/Dado Ruvic
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A partir de 2020, os preços do petróleo foram afetados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. A Opep+ (que inclui países aliados do grupo, como a Rússia) decidiu cortar a produção temporariamente devido à baixa demanda com lockdowns, e os preços caíram. A média em 2020 foi US$ 40, distante da de anos anteriores, entre US$ 60 e US$ 70 • REUTERS
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Em 2021, porém, o cenário mudou, com o avanço da vacinação, os países reabriram rapidamente, e a demanda por commodities decolou, incluindo pelo petróleo. A Opep+, porém, decidiu manter os níveis de produção de 2020, e a oferta baixa fez os preços saltaram, ultrapassando US$ 80 • REUTERS/Nick Oxford
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Já em 2022, a situação piorou. A guerra na Ucrânia, e as sanções ocidentais a um dos maiores produtores mundiais da commodity, a Rússia, fizeram os preços dispararem, ultrapassando os US$ 120. Atualmente, o barril varia entre US$ 100 e US$ 115 • 03/06/2022REUTERS/Angus Mordant
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A alta dos preços do petróleo, porém, trouxe consequências negativas para o Brasil. Como a Petrobras segue a cotação internacional e o dólar está valorizado ante o real, ela subiu o preço nas refinarias, o que levou a uma elevação da gasolina e outros combustíveis. Até o momento, o preço da gasolina já subiu 70% • REUTERS/Max Rossi
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A alta do petróleo não afetou só o Brasil. Países dependentes da commodity, como EUA, Índia e Reino Unido, também viram os preços dos combustíveis subirem, e têm tentado pressionar a Opep+ a retomar os níveis de produção pré-pandemia, o que tem ocorrido lentamente enquanto a organização aproveita para se recuperar das perdas em 2020 • Reuters
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