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Produção industrial do Brasil frustra expectativas e recua em fevereiro

A queda se dá após estagnação da atividade em janeiro e três meses consecutivos de retração no final do ano passado
Reuters
Funcionário trabalha em fábrica da Usiminas em Ipatinga, Minas Gerais
Funcionário trabalha em fábrica da Usiminas em Ipatinga, Minas Gerais  • , Brasil 17/4/2018 REUTERS/Alexandre Mota
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A indústria brasileira frustrou as expectativas e teve queda de produção em fevereiro, chegando ao quinto mês seguido sem crescimento, em um cenário de juros em níveis restritivos para a atividade e desafios externos.

A produção industrial teve em fevereiro recuo de 0,1% na comparação com o mês anterior, apresentando avanço de 1,5% ante o mesmo mês do ano anterior, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A queda se dá após estagnação da atividade em janeiro e três meses consecutivos de retração no final do ano passado. Com esses resultados, a indústria está 15,7% abaixo do ponto mais alto da série histórica, obtido em maio de 2011, segundo o IBGE.

Os dados de fevereiro ficaram bem aquém das expectativas em pesquisa da Reuters de ganhos de 0,4% na comparação mensal e de 2,1% na base anual.

"Esse menor dinamismo da indústria configura uma mudança de trajetória da indústria brasileira. Essa queda por cinco meses deixa muito claro que a indústria perde intensidade e ritmo", destacou André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE.

O setor industrial deve perder força em 2025 em sintonia com a desaceleração gradual esperada da economia brasileira, de acordo com economistas. Isso em um cenário restritivo com juros elevados por período prolongado, além de taxa de câmbio e inflação elevadas.

O Banco Central seguiu no mês passado o ritmo já previsto de aperto nos juros e elevou a Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, e indicou um ajuste de menor magnitude para a reunião de maio.

Estão também no radar os planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que deve anunciar nesta quarta-feira "tarifas recíprocas" direcionadas a países que cobram impostos sobre produtos norte-americanos.

Essa medida virá depois que ele impôs novas taxas de importação sobre produtos do México, China e Canadá, bem como sobre produtos como aço e automóveis.

"(A tarifação de Trump) pode ter reflexo e impacto sobre a produção brasileira. Quanto vai ser esse impacto sobre a indústria, produção e câmbio não sabemos, mas é claro que pode trazer consequências negativas para o setor industrial brasileiro", disse Macedo.

Taxas negativas

Os dados da pesquisa sobre a indústria mostraram que em fevereiro houve disseminação de taxas negativas entre as atividades.

"Essa perda de dinamismo da indústria tem relação com a redução dos níveis de confiança das famílias e dos empresários, explicada, em grande parte, pelo aperto na política monetária, a depreciação cambial (pressionando os custos de produção) e a alta da inflação (especialmente a de alimentos, o que impacta na renda disponível das famílias)", completou Macedo.

Na comparação com janeiro, as principais influências negativas foram exercidas por produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%), máquinas e equipamentos (-2,7%), produtos de madeira (-8,6%), produtos diversos (-5,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-1,5%) e móveis (-2,1%).

Entre as categorias econômicas, a fabricação de Bens de Consumo recuou 1,3%, sendo que somente a de Bens de Consumo Duráveis apresentou queda de 3,2%. Os Bens de Consumo Semi e não Duráveis caíram 0,8%.

Por outro lado, as indústrias de Bens de Capital e de Bens Intermediários apresentaram aumentos de 0,8% cada na produção.

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