Quase 80% dos brasileiros têm dívidas a vencer, aponta CNC
Dados da entidade mostram que consumidores estão fazendo mais contas no varejo, com carnês e cartões de lojas
Em agosto deste ano, quase oito em cada dez brasileiros tinham dívidas a vencer.
Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados na manhã desta segunda-feira (5), mostram que o índice cresceu: passou de 78% em julho de 2022 para 79% no mês seguinte.
Já no comparativo com o mesmo período do ano passado, quando o índice era de 72,9%, a alta foi de 6,1 ponto percentual.
A aceleração do endividamento em agosto ocorreu de forma semelhante nas duas faixas de renda pesquisadas, com leve destaque para os brasileiros com menor poder aquisitivo.
De acordo com o estudo, as famílias com até dez salários mínimos registram uma alta de 1,1 p.p. na contratação de dívidas com relação a julho (de 75% para 75,9%), frente a 0,9 p.p. das famílias mais ricas (de 78,8% para 79,9%).
Segundo os economistas da CNC, apesar da melhora no mercado de trabalho e de políticas de transferência de renda, a inflação desafia os ganhos das famílias, principalmente daquelas que recebem menos de dez salários mínimos.
A novidade destacada pela entidade na pesquisa é o crescimento, desde maio, do volume de pessoas endividadas nos carnês e cartões de lojas, chegando a 19,4% em agosto, uma alta de 0,5 p.p. frente a julho e de 1,2 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado.
A CNC aponta que o resultado é explicado pela busca por crédito mais barato entre as famílias com ganhos mais baixos. Com a alta dos juros, o uso do cartão de crédito tem caído.
Entre homens e mulheres, o avanço mensal mais expressivo de endividamento foi para as pessoas do sexo masculino, com uma alta de 1 p.p. em relação a julho (de 77,5% para 78,3%).
No público feminino, o volume aumentou 0,5 p.p. (80,6% para 81,9%).
Já a inadimplência, ou seja, as pessoas que atrasam contas, avançou pelo segundo mês seguido e atingiu 29,6% (+0,6 p.p. no comparativo com julho), sendo que 10,8% afirmam que não terão condições de quitar os compromissos financeiros.
A maioria dos consumidores que precisaram atrasar contas é de mulheres (31,6%) e de baixo grau de instrução (33,6% não concluíram o 2º grau).