Retomada de serviços fez consumo voltar a crescer, diz economista do Inter
Setor varejista cresceu mais do que o esperado em março — período em que o volume de serviços saltou 1,7%, resultado mais forte para o mês na série histórica iniciada em 2011
Algumas instituições financeiras estão apontando melhora na estimativa do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro para o 1º trimestre de 2022. Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, afirmou em entrevista à CNN que esse movimento é devido à retomada de setores que fizeram o consumo voltar a crescer.
O banco está prevendo um PIB de 1%, 1,2% em relação ao trimestre do ano passado. Vitória afirmou que no começo do ano as expectativas eram de estabilidade, mas “tivemos algumas surpresas positivas ao longo dos últimos três meses”.
As leituras mais recentes do IBGE mostram que a produção industrial do Brasil teve seu primeiro ganho trimestral em 2022, após quatro trimestres seguidos de queda. Na comparação 2021, contudo, o setor industrial acumula queda de 4,5% no primeiro trimestre deste ano.
Enquanto o setor varejista cresceu mais do que o esperado em março — período em que o volume de serviços saltou 1,7%, resultado mais forte para o mês na série histórica iniciada em 2011.
No quarto trimestre de 2021, o PIB apresentou alta de 0,5%. O principal responsável foi o setor de serviços, favorecido pelo avanço da vacinação e pela normalização do consumo das famílias no fim do ano. Em 2021, o crescimento foi de 4,6% comparado ao ano de 2020, que registrou queda de 4,1%, impactado fortemente pela pandemia.
A especialista afirmou ainda que alguns setores já chegaram a patamares pré-pandemia, mas o que falta é retomar o nível de crescimento da época. “Foram dois anos a menos de crescimento, então ainda existe um espaço para recuperar”.
Porém, a economista-chefe do Inter ponderou não estar tão animada para a retomada nos próximos meses, “pois existe um aperto monetário em curso.”
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou, em 4 de maio, nova alta de 1 ponto percentual na taxa básica de juros. Assim, a Selic passa de 11,75% ao ano (a.a.) para 12,75% a.a..
“[De todo modo], a notícia [do PIB] é para se comemorar, mas a taxa de crescimento deve ser mais modesta”.