Rio: cancelamento de Carnaval de Rua afetará pelo menos 40 mil ambulantes

Os cerca de 40 mil ambulantes que trabalhariam nas ruas da cidade do Rio de Janeiro durante o Carnaval de 2022, deixarão de movimentar aproximadamente R$ 20 milhões por dia, segundo a Federação das Associações de Ambulantes do Estado do Rio de Janeiro (Faaerj). O levantamento foi feito com exclusividade a pedido da CNN.

O presidente da Faaerj, Marcelo Veras, afirma que cada um dos ambulantes do município, sendo 25 mil informais e 15 mil credenciados pela Prefeitura do Rio, movimentam pelo menos R$ 500 por dia durante os desfiles de rua. Ele afirma ainda que, sem a festa popular, melhor período de vendas para esse segmento, muitos trabalhadores podem passar fome no futuro, apesar de entender o risco da Covid-19.

“Esse cancelamento vai prejudicar muito, mas nós entendemos que a contaminação do vírus explodiu, está aí o grande número de casos. Sem o Carnaval de rua no Rio de Janeiro, tem trabalhador que vai ficar sem ter o que comer ao longo dos próximos meses. Vamos ver como vai ser”, disse Marcelo Veras.

A CNN ouviu diversos ambulantes da cidade do Rio de Janeiro que se encontram na mesma situação: ‘precisamos escolher entre a fome e a doença’. Catieska Araújo, que trabalha como ambulante há pelo menos cinco anos na Lapa, Zona Central do Rio, afirma que vive diariamente em um sufoco financeiro.

“Financeiramente a gente vai perder tudo, isso para quem já não perdeu. O ambulante depende de movimento e eventos, isso não acontece de verdade desde o início da pandemia. A gente já está em um grau de sufoco financeiro gigante. A gente vai ter que escolher entre a fome e a doença”, disse Catieska.

O Carnaval de rua foi cancelado, nesta terça-feira (4) em anúncio feito pelo prefeito da cidade, Eduardo Paes, com intuito de evitar novos surtos do novo coronavírus no município. A informação foi dada pelo prefeito durante live nas redes sociais.

A Prefeitura se reuniu também na terça com representantes da Associação Independente dos Bloco da cidade (Sebastiana) para discutir como serão os desfiles. A proposta da prefeitura é fazer a folia em locais fechados com controle de público. A liga dos blocos não aceitou a proposta e informou que, por enquanto, não tem como debater o assunto.