CNN Brasil Money

Setor de petróleo vê "página virada" após isenção de tarifaço dos EUA

Presidente do IBP espera que exportações voltem à normalidade em 90 dias

João Nakamura, da CNN, em São Paulo
Compartilhar matéria

Para o setor petroleiro, o episódio do tarifaço é uma "página virada", disse à CNN Roberto Ardenghy, presidente do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo).

"O comércio retoma a normalidade, vai ser restabelecido e as cargas vão voltar a ser enviadas aos Estados Unidos", afirmou Ardenghy nesta quarta-feira (30).

Mais cedo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou a ordem executiva na qual eleva, de 10% para 50%, a tarifa de importação aplicada contra o Brasil.

Contudo, cerca de 700 itens foram poupados da mudança. Foi o caso do petróleo e seus subprodutos: 99,9% das exportações que se enquadram na categoria de combustíveis e lubrificantes se safaram do tarifaço, segundo levantamento do Banco Daycoval.

Trump havia anunciado a alíquota mais elevada no dia 9 de julho, sendo que ela deveria entrar em efeito, a princípio, já nesta sexta-feira (1º). No decreto desta quarta, o republicano cravou que a taxa deve ser levantada em sete dias.

Mas com o temor que ficou no ar neste meio tempo, "os negócios no mês de julho sofreram", segundo o presidente do IBP. Considerando que as cargas que chegassem nos EUA em agosto poderiam ser mais oneradas, as empresas suspenderam os envios, relatou Ardenghy à CNN.

Com o imbróglio resolvido para o setor, o presidente da entidade projeta uma alta no número das exportações de petróleo ao mercado norte-americano no próximo mês, avaliando que o setor vai se recuperar rapidamente, estando "totalmente regularizado" em 90 dias.

Apesar de ser o maior produtor de petróleo do mundo, os EUA dependem da importação da commodity para suprir a demanda interna.

Ardenghy explica que o petróleo e seus derivados são muito específicos para cada necessidade de produção. As características do produto - viscosidade, composição, etc. - variam muito a depender do poço onde é coletado.

"Com base nisso, o petróleo é preparado para certo tipo de cliente. Este é um mercado complexo e que precisa ser organizado ao longo de muitas décadas, que não se muda do dia para a noite. Trump reconheceu isso. Se tivesse a imposição de tarifa, este seria um jogo de 'perde-perde'", pontuou.

O presidente do IBP indica que a demanda norte-americana pelo petróleo brasileiro é de 200 mil barris por dia. A commodity, que foi o produto mais vendido pelo Brasil em 2024, tem nos EUA seu segundo maior comprador.

Acompanhe Economia nas Redes Sociais