Sindicalistas aguardam formalização do grupo sobre regulamentação dos trabalhadores de apps
Representantes das centrais sindicais esperam uma definição por parte do governo até o dia 10, quando Lula completará 100 dias no Planalto
Representantes das centrais sindicais esperam que o governo federal formalize até 10 de abril como serão distribuídas as cadeiras na mesa de negociação em torno da regulamentação dos trabalhos por aplicativos. Esse foi o sinal que receberam nas últimas conversas com integrantes da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo relatos ouvidos pela CNN.
No dia 10, o presidente completa 100 dias no Palácio do Planalto e essa deve ser uma das várias ações que o governo pretende colocar em prática.
Essa mesa de negociação será composta por três lados: um deles representando as empresas que comandam as plataformas digitais; outro com representantes das centrais sindicais e dos trabalhadores; e outro com integrantes do governo federal.
Ainda não está definido o número de cadeiras que cada uma das partes terá, mas a divisão será paritária.
A representação dos trabalhadores, por meio das centrais sindicais, tem deixado alguns líderes dos entregadores por aplicativo receosos.
Um dos responsáveis pela criação da Aliança dos Entregadores, JR Freitas disse à CNN sentir “indignação e decepção” com o governo federal pela forma como foi dado espaço aos entregadores na mesa de negociações, por meio das centrais.
Candidato a deputado estadual em São Paulo pelo PSB em 2022, Freitas afirmou que esse grupo das centrais sindicais “nunca sequer olhou para a classe dos trabalhadores de aplicativo e hoje vão ter protagonismo”.
“Como vai ser? Vamos ter total autonomia? Isso ainda é um ponto de interrogação. Quando a gente se vincula a uma central, as ideias vão ter que se unir. Eu acho horrível trabalhar pelas centrais. Infelizmente as centrais são uma organização que nunca sequer olhou para a classe dos trabalhadores de aplicativo e hoje vão ter protagonismo”, disse Freitas.
As centrais sindicais terão o papel de representar os trabalhadores na mesa de negociação. Já está definido que algumas das cadeiras serão destinadas aos próprios entregadores e motoristas de aplicativos. Do lado das centrais, esse processo de diálogo com o governo vem sendo liderado por Clemente Ganz Lúcio, coordenador do Fórum das Centrais Sindicais e ex-diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Segundo Lúcio, a participação das centrais como intermediários na negociação é importante pelo fato de os representantes dos entregadores não terem experiência sindical passada.
“É justamente esse o papel das centrais, colocar como prioridade da pauta trabalhadora, colocaram para o presidente. O trabalho é justamente promover uma articulação para que eles ganhem experiência, musculatura sindical. A central não vai substituir uma organização de base que eles precisam constituir”, afirmou.
“Em algum momento vão ver que precisam de uma organização e as centrais têm esse papel educativo de ajudá-los a se organizar. Por isso a representação é feita pelas centrais”, completou.
A expectativa do coordenador do Fórum das Centrais Sindicais é que após o feriado de Páscoa, quando o governo completa 100 dias, essa formatação do grupo de trabalho seja publicada pelo Palácio do Planalto. Depois disso, eles devem se reunir para definir como serão distribuídas as cadeiras, qual será a pauta apresentada nas negociações com as outras partes (governo e representantes das empresas de aplicativo) e definir uma diretriz de negociação.