Suspensão da hidrelétrica de Santo Antônio não aumentará conta de luz, diz pesquisador
Atividades na estrutura de Rondônia foram paralisadas deviso seca histórica no rio Madeira
A suspensão de 14% da produção da hidrelétrica de Santo Antônio, uma das maiores do Brasil, nesta quarta (4), não afetará no curto prazo o preço da energia elétrica no Brasil.
Na véspera, a Santo Antônio Energia informou a parada momentânea das operações da hidrelétrica em Rondônia por conta da seca histórica do rio Madeira. Segundo o anúncio, os níveis de vazão do rio estavam 50% abaixo da média histórica.
Segundo informações do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), o rio Madeira chegou à cota mais baixa da história em Porto Velho, a 1,02 metro.
André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que o reajuste no preço da energia é feito de forma anual. Dessa forma, no curto prazo, o consumidor não vai sentir diferença.
“A suspensão da capacidade de uma hidrelétrica, pode influenciar, mas não é um caso para o momento, será sentido a longo prazo, como pela bandeira tarifária que foi instituída em setembro”, afirma.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) instaurou a cobrança extra sobre a conta de luz em setembro para bandeira vermelha patamar 1 nesta quarta-feira (4). A classificação tem custo adicional de R$ 4,463 por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Segundo o economista, tudo depende de fatores de produção da usina e estresse no sistema elétrico que podem levar a um aumento real na próxima revisão e reajuste anual da Aneel.
Já a seca severa que afeta 16 estados brasileiros, considerada a pior nos últimos 44 anos, pode afetar o preço da energia elétrica. De acordo com Braz, o IPCA possivelmente será afetado pela situação hídrica do país.
“Isso dá um impulso no IPCA de setembro, de 0,2 ponto percentual. Então a gente vai ter que ver qual é a duração dessa bandeira tarifária e como é que o ano termina, se teremos risco hidrológico mais alto, mais bandeira acionada, o que diminui um pouco espaço que tinha da inflação parar no teto da meta fiscal”, destaca o economista.