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Tarifaço: Veja impactos em principais setores brasileiros atingidos

Com as taxas de 50% em vigor, exportadores de produtos como café e madeira estão entre os mais afetados

André Vasconcelos, da CNN, em São Paulo
Exportações; Contêineres
  • Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
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O tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros está em vigor, mas os impactos da medida são sentidos apenas por alguns segmentos de exportadores do país.

Enquanto algumas exportações foram isentas das taxas do nível mais alto, cerca de 55,4% das exportações ainda encaram o teto tarifário imposto pelos EUA, segundo estimativas do Mdic (do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).

Dentre os produtos que serão sobretaxados, estão algumas das principais exportações do Brasil para os americanos. A CNN destaca alguns destes setores e os impactos estimados para cada um deles.

Café

O setor cafeeiro estima grandes perdas com a taxação do produto, já que o Brasil ocupa o topo da lista de exportadores do grão para os EUA, sendo responsável por aproximadamente 35% do café consumido em território estadunidense.

O maior destino do café não torrado brasileiro foi os Estados Unidos, que importaram 16,7% do total vendido pelo país, no valor de US$ 1,9 bilhão.

Em entrevista ao CNN Money, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, estimou perda de R$ 1 bilhão em vendas do produto só no estado mineiro.

No entanto, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, já abriu a possibilidade de que o grão seja incluído em uma futura rodada de isenções.

Madeira

A madeira é outro bem que deve ser fortemente impactado pela política tarifária de Trump. Em 2024, os exportadores do produto comercializaram cerca de US$ 1,6 bilhão ao mercado americano.

Segundo a Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), o volume "representa uma dependência do mercado norte-americano de uma média de 50% da produção nacional".

Ainda em nota divulgada pela associação no dia 18 de julho, o setor estaria enfrentando "o início de um colapso" com o tarifaço.

Efeitos sobre os madeireiros já vinham sendo sentidos durante o último mês, com empresas "sendo obrigadas a optar por férias coletivas forçadas, na tentativa de ganhar tempo e preservar empregos, enquanto outras estão planejando desligamentos", segundo a Abimci.

Carnes

As carnes também não escaparam da taxação de Trump. A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), que representa empresas como a JBS e Marfrig, estima perdas de US$ 1 bilhão com as novas tarifas de 50%.

Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações de carne bovina do Brasil, depois da China.

Segundo Roberto Perosa, diretor da Abiec, a expectativa das empresas brasileiras era vender cerca de 400.000 toneladas de carne até o final do ano para os EUA, o que se torna “inviável” com o nível tarifário imposto.

Os frigoríficos brasileiros exportaram cerca de 181.000 toneladas de carne bovina, no valor de US$ 1 bilhão, para os EUA no primeiro semestre deste ano, de acordo com dados comerciais. Isto equivale à cerca de 12% do total de exportações de carne bovina do país.

Pescados

O setor de pescados é um dos grandes afetados pela política tarifária de Trump. De acordo com Eduardo Lobo, da Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), 70% das exportações do setor são destinadas ao mercado estadunidense.

O Brasil ainda enfrenta a falta de alternativas comerciais no setor, devido ao embargo nas exportações de pescados para a União Europeia que o país enfrenta desde 2017.

As empresas exportadoras previam vendas totais ao exterior na casa dos US$ 600 milhões, sendo que US$ 350 milhões deste montante seriam destinados aos EUA.

Frutas

Segundo a Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados), os Estados Unidos absorveram 7% do volume total exportado de frutas pelo Brasil em 2024.

Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas, disse que o direcionamento dos produtos para o mercado interno seria "uma quantidade tão grande que vai colapsar o mercado".

O presidente também ressalta que produtores preparam lotes especiais para vender aos EUA: de agosto a outubro, por exemplo, produtores de manga do Nordeste colhem frutos especialmente para envio ao mercado estadunidense.

"Estamos muito preocupados de atingir diretamente os produtores do Vale do São Francisco, temos a safra da manga para os Estados Unidos, uma safra planejada por 6 meses", conta Coelho.

Equipamentos de construção civil

Mais da metade (52,2%) das exportações de equipamentos de construção civil brasileiros foram destinados aos americanos em 2024, totalizando um montante de US$ 1,5 bilhão para o setor.

O presidente-executivo da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) alertou que as tarifas podem tornar os equipamentos brasileiros menos competitivos tanto dentro dos EUA, por conta da alta nos preços, quanto pelo escoamento para destinos alternativos de outros países exportadores, como China, Japão, Coreia do Sul e outras nações da Europa.

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